Sem ajuda financeira, categoria vem enfrentando inúmeras dificuldades
Após cobrarem do governo projeto de lei em meio às inúmeras dificuldades enfrentadas, motoristas de vans escolares, de Macaé, seguem sem respostas do poder público sobre o auxílio emergencial. Diante da pandemia do coronavírus que forçou às escolas das redes, pública e privada de ensino, a suspenderem temporariamente as suas atividades em virtude do isolamento social, principal ação de combate à propagação do vírus, os trabalhadores vêm sentindo os impactos da crise desde meados de março.
Segundo a motorista Jociléa Ribeiro, conhecida popularmente como “tia Jô”, a categoria vem se apoiando a fim de minimizar os problemas entre os colegas. “Estamos nos autoajudando, fazendo cestas básicas e distribuindo entre os que estão com mais dificuldades”, ressalta. E completa: “A cooperativa está isentando o pagamento e a desmontamos para funcionar na casa da secretária para não precisar pagar o aluguel do espaço. Temos também amigos vendendo seus carros por não conseguirem pagar as prestações. Estamos vivendo do nada, numa situação muito complicada. Quem é casado conta com o seu esposo, quem tem pais aposentados conta com eles e vice-versa”, concluiu.
De acordo com Micheline Freitas, que possui veículo no transporte escolar, a classe é composta de prestadores de serviços para o público, referente à prefeitura; e privado, referentes aos contratos de foro privado. “O público teve seu contrato suspenso desde abril. Já nós, do privado, tivemos os contratos cancelados: a maioria, em sua totalidade, e alguns pais solidários ainda tem feito o mínimo de manutenção”, pontua.
Micheline reforça também sobre outro problema enfrentado pela categoria. “Outra grande dificuldade, são os financiamentos de veículos; muitos colegas com três a quatro parcelas em aberto, correndo riscos de busca e apreensão de sua única ferramenta de trabalho. Hoje, o auxílio que solicitamos ao poder público, seria uma forma de amenizar, até mesmo, a busca e apreensão de muitos veículos”.
Para melhor amparar aos trabalhadores de transporte escolar, para Micheline, seria fundamental a reformulação da lei. “Os veículos do transporte escolar, por lei municipal, têm a sua vida útil de seis anos para ingresso no sistema e 10 anos para sair. Com a crise que se instalou em 2016/2018, muitos municípios Brasil afora já reformularam para 10-15 anos o tempo de ingresso e saída. Desde 2018, temos buscado isso junto à prefeitura, porém, sem sucesso”, disse. E finalizou: “Se a situação já era sofrível, hoje, não temos condições de aquisição de veículos que giram em torno de R$ 150.000. Precisamos muito desta reformulação de lei. Veículos a diesel têm seu motor com vida mínima de 300 mil km”.
É necessário lembrar que há quase seis meses sem a principal fonte de renda, no dia 21, os motoristas realizaram uma manifestação às margens da Rodovia Amaral Peixoto (RJ-106), na altura do Bar do Coco e, no dia, 28 de agosto, uma carreata pela cidade, com o objetivo de reivindicar os seus direitos e chamar a atenção do poder público.
Entretanto, a categoria, que não pode receber ajuda financeira instituída pelo governo federal por declarar imposto de renda, e que é composta por mais de 400 profissionais, entre motoristas de vans escolares particulares e prestadoras de serviços para a prefeitura, segue sem respostas do Chefe do Executivo, Dr. Aluízio, sobre o auxílio emergencial ou sobre projeto de lei que garanta, ao menos, a alimentação dos profissionais, visto estarem enfrentando necessidades básicas junto de seus familiares.