Principal termômetro do cotidiano das atividades do petróleo, o trânsito ainda é o principal desafio da administração pública, que há anos patina ao manter o setor apenas na ótica do subsídio da passagem a R$ 1.
Apesar de ser inegável o grande alcance social que a proposta em vigor desde 2013 garante aos usuários do transporte público, é importante avaliar o quanto o peso de manter a tarifa em preço popular, recai sobre o orçamento público.
Em quatro anos, mais de R$ 300 milhões saíram dos repasses do petróleo e foram diretamente para as contas da empresa que hoje mantém um contrato em vigor há quase duas décadas, garantido para ser mantido até 2025.
Com menos deste dinheiro, Maricá conseguiu colocar para funcionar o transporte público gratuito, mantido por uma empresa que também é de responsabilidade da gestão municipal.
E mesmo que a cidade que hoje detém a maior arrecadação especial dos royalties, por conta da influência da produção do pré-sal da Bacia de Santos, possua um impacto menor que Macaé, há de se perceber o quanto a definição da estratégia de governo é capaz de aproveitar melhor as receitas públicas.
Ao ensaiar agora a ativação do extinto projeto VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), o governo municipal, mais uma vez, demonstra que a visão modernista e de vanguarda, que há duas décadas deu a Macaé um Centro de Convenções, é esquecida mediante uma visão turva de poder.
Depois de todos os debates, exposição de argumentos técnicos e de questionamentos, até feitos pela Justiça, que indicam o mau negócio das composições, há de se perceber uma decisão inflada pelo ego, ao buscar justificativas para arriscar a vida dos usuários, oferecendo um transporte que não deu certo desde sua elaboração, há quase uma década.
Por mais que haja a necessidade de se dar uma destinação adequada para os dois vagões, é certo de que, implantado sem qualquer tipo de preparação na rotina do trânsito da cidade, é algo equivocado, tão quanto os gastos abundantes para se manter um subsídio.
É preciso sim repensar a estratégia de transporte do município, algo que ficou pendente nos últimos seis anos, que só terá chance de acontecer após os próximos dois anos.