Aumento da expectativa de vida não representa mais chances no mercado de trabalho devido ao preconceito

 

Atualmente o estilo de vida das pessoas da melhor idade mudou. Homens e mulheres nessa faixa etária estão bem ativos, inclusive no mercado de trabalho. Seja por necessidade de complementar a renda ou por paixão pela profissão que exercem, muitos idosos estão dispostos a trabalhar, porém ainda enfrentam dificuldade para se inserir no mercado.

 

Com o aumento da expectativa de vida, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou uma projeção que revela que o percentual de pessoas idosas deve chegar este ano a 9,52% e, em 2060, a 25,5%. Dinâmica, sempre em movimento e antenada com as inovações tecnológicas. Kika Carvalho, 63 anos, turismóloga, possui uma mente jovial refletida também em sua aparência. Para ela, o empresariado tem uma visão distorcida sobre a contratação de pessoas com idades avançadas. “Na realidade, pensa: idoso? Não contrato porque adoece mais e isso vai me custar mais dinheiro. O empresário ignora que a experiência que esse idoso tem agregada ao uso da tecnologia, ele será mais produtivo para a empresa”, defende.

A geração mais nova tem muito que aprender com a geração mais velha, principalmente a desacelerar e ter mais paciência. “O jovem hoje quer que tudo aconteça rapidamente. Se uma idosa demora em acessar ou teclar um botão para fazer algo… Nossa!!! Vem logo a frase: você é lerda. O que não concordo. Essa “pressa” de hoje relacionada à tecnologia, gerou pessoas individualistas e impacientes para com o outro. Conheço idosos que estão muito bem integrados com o uso da tecnologia no dia a dia. Eu mesma, melhorei 95% com esse curso”, relata Kika.

Apesar da disposição e proatividade de muitas pessoas idosas, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) contínua, o desemprego entre os idosos saiu de 18,5% em 2013 para 40,3% em 2018. O levantamento ainda mostrou um aprofundamento da informalidade nesse segmento. As vagas com carteira assinada representavam 27,6% do total nesse grupo populacional no primeiro trimestre de 2016, índice que diminuiu para 26,6% no primeiro trimestre de 2018. Ou seja, os trabalhos sem registro da CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas – ou por conta própria ganharam mais espaço.

 

Projetos viáveis

 

Kika está em atividade há 42 anos, destes 35 anos são dedicados ao turismo.  Hoje, aposentada, continua trabalhando como Consultora de Turismo para empresas que prestam serviços a governos e setor privado. Ela também é palestrante na área de acessibilidade no turismo, Especialista em Planejamento e Mkt Turístico.

 

Como turismóloga, não consegue dissociar o turismo da educação e por isso lecionou por sete anos em faculdades, incluindo a Estácio. Ela conta que, em suas aulas, sempre buscou inovar na forma de passar o conhecimento.

 

Qualificação + Mercado de Trabalho

 

A qualificação é um dos desafios desta tentativa de retorno ao trabalho. Percebendo a carência no mercado de turismo na parte de mídias sociais e digitais, Kika resolveu investir em uma bolsa de estudo do Educa Mais Brasil para o curso de MBA em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais. “Minha escolha foi muito em função da área que atuo, turismo. E já estou contribuindo, desde o começo do curso. Nas consultorias, mostrando a importância do uso das mídias sociais e digitais para as empresas, municípios que querem desenvolver a atividade, mas ficam investindo erradamente em folhetos nas feiras de turismo, como se isso fosse atingir o público alvo de cada um”.

 

A consultora de turismo está sempre investindo em conhecimentos que tragam retorno tanto pessoal, quanto profissional. “Amo o que faço e não me sinto velha, fora do mercado. Enquanto tiver saúde estarei em alguma sala de aula”, conclui.