Moradores cobram o recapeamento das ruas do bairro, além de melhorias no lazer, limpeza e segurança
Mais uma vez o Bairros em Debate volta a retratar a realidade do Jardim Vitória I e II. Seis meses desde a nossa última visita, problemas que vêm se alastrando há anos continuam sendo motivo de insatisfação de quem vive no local que, apesar do abandono, leva o título de “área nobre”.
Mas caminhando pelas ruas tranquilas, belas residências contrastam com esgoto a céu aberto, buracos e falta de limpeza pública. Por mais que a população venha denunciando, pouca coisa de fato mudou nesse tempo, segundo relatam os moradores. Ao longo das reportagens publicadas, promessas foram feitas, mas nem tudo que foi dito foi de fato cumprido.
Um dos problemas relatados dessa vez foi a questão da manutenção das ruas. Inclusive, na semana passada a nossa equipe flagrou um cavalo bebendo água em uma cratera bem na entrada do bairro. A cena chamou atenção dos motoristas, que precisaram desviar para não sofrer um acidente.
E foi após uma série de reportagens nos últimos meses denunciando o problema que a prefeitura iniciou, na semana passada, o serviço de recapeamento em alguns trechos do bairro. Mas o que começou a ser comemorado pela população durou pouco.
Além de não ter contemplado todo o Jardim Vitória, os moradores questionam o tipo de trabalho feito. “Há alguns meses vieram, jogaram um asfalto nos buracos. Agora, há alguns dias, voltaram e contemplaram algumas ruas. O problema é que isso não resolve de fato o nosso problema, só ameniza os transtornos. O material usado também é de qualidade duvidosa. Tanto que quando chove abre tudo de novo. A nossa pergunta aqui é: por que a prefeitura não faz o recapeamento das ruas, como tem sido feito em outras partes da cidade? Existe alguma diferenciação com o nosso bairro? Pagamos impostos altos e não vemos as melhorias de fato acontecerem”, diz um morador, que pede sigilo do nome.
Ele relata ainda que vários trechos estão intransitáveis. “Algumas ruas, que são de ladeira, o carro já nem consegue passar devido as crateras na pista”, diz ele, ressaltando que, em alguns locais, o asfalto nem existe mais. “Na rua do ponto final do ônibus está crítica. Virou rua de barro. Quando chove vira um lamaçal. É por isso que a gente reforça o pedido para que o bairro seja contemplado com recapeamento asfáltico e não apenas as vias principais, mas sim o Jardim Vitória num todo”, enfatiza.
Lixões ainda são realidade
Quem vive no bairro diz que não aguenta mais conviver com o problema gerado pelos entulhos e lixo depositados em locais inapropriados. Como o bairro cresce a cada dia, os terrenos baldios têm virado depósitos, causando muitos transtornos para os vizinhos.
Segundo os moradores, essa prática tem acontecido com frequência em todo o bairro, gerando diversos tipos de danos para quem vive nas proximidades.
Contudo, em comparação a outros meses, a quantidade de sujeira no famoso lixão diminuiu. A prefeitura vem realizando ações na localidade.
Mas, mesmo assim, a situação está longe de ter um fim. A fama do lixão tem gerado vergonha para quem vive ali, que reclama que o problema é resultado da falta de fiscalização. “Isso aqui nunca vai ter jeito enquanto não isolarem a área. Agora então que abriram a passagem para a Estrada do Tatu está pior ainda. Vem gente de fora e joga, seja dia ou noite, de tudo aqui. Ninguém vê nada. A prefeitura até andou fazendo uma limpeza, mas ainda continuam jogando entulhos, móveis, roupas e até animais mortos aqui. As pessoas que mais sofrem são as que moram perto”, denuncia uma moradora, que pede sigilo do nome.
Moradores cobram cobertura em pontos
Na teoria, utilizar o transporte público traz benefícios para o meio ambiente e melhora a questão da mobilidade urbana, uma vez que há redução de veículos nas ruas da cidade. Mas na prática, a falta de infraestrutura ainda deixa muitos cidadãos insatisfeitos.
Quem depende desse meio para se locomover pela cidade diz que os transtornos muitas vezes começam bem antes de pegar o ônibus.
A falta de pontos de ônibus adequados vem sendo alvo de reclamações dos cidadãos não é de hoje. Enquanto a prefeitura desperdiça dinheiro em “terminais integrados”, na Praça Veríssimo de Melo, no Centro, que não tem muita funcionalidade para os cidadãos, em outros bairros a população não conta nem com o básico de infraestrutura.
Isso tem acontecido no Jardim Vitória. Um dos locais fica na Rua Athos Duboc. “Enquanto locais com pouca demanda têm as coberturas, onde precisa, eles não atendem. As pessoas ficam aqui debaixo de sol forte e chuva esperando os coletivos que, muitas vezes, levam de 30 a 40 minutos para passar”, diz Silvio Bisneto.
No último Bairros em Debate, em outubro de 2017, a prefeitura disse que a secretaria de Mobilidade Urbana estaria realizando um levantamento para a compra de 100 abrigos, que seriam instalados por toda cidade, inclusive, no local em questão. Até o momento, o bairro não foi contemplado.
Loteamentos não contam com áreas de lazer
Quando se trata de lazer, que é um direito de cada cidadão, os loteamentos Jardim Vitória I e II deixam muito a desejar. A população ressalta a inexistência de praças. Enquanto isso, crianças e jovens brincam pelas ruas, situação que pode ser perigosa, dependendo do lugar.
“Criança aqui tem que ficar dentro de casa, porque não tem nenhuma opção para elas no bairro. Não temos lazer”, desabafa Sílvio.
Em 2015, a prefeitura disse que ainda estava fazendo um levantamento das demandas em toda a cidade. Quando o estudo fosse finalizado e os processos licitatórios concluídos, as obras começariam a ser feitas, beneficiando diversas áreas do município, inclusive o Jardim Vitória. Passou o tempo e a promessa não foi cumprida.
Já no ano passado ela ressaltou que a secretaria de Obras não tinha ainda um projeto para construção de uma área de lazer no bairro.
O que diz a prefeitura
Procurada, a prefeitura disse que durante essa semana o bairro Jardim Vitória recebeu equipes da secretaria de Infraestrutura, numa força-tarefa com atuação, sobretudo, nas vias. A ação para a recuperação de vias acontece em toda cidade, já tendo ocorrido nos bairros Imburo, Aeroporto e Barreto. Em tempo, ela informou que solicitações e reclamações devem ser realizadas pelo telefone (22) 2796-1235, ou pela Ouvidoria Geral, por meio do site da prefeitura, no link intitulado Ouvidoria Geral.
O contato também pode ser feito por telefone, no número 162 (ligação local e gratuita) ou no (22) 2772-6333. O atendimento ainda pode acontecer pessoalmente, na sede da Ouvidoria, que funciona no Centro Administrativo Luiz Osório, Av. Presidente Sodré, 466, primeiro andar.
Quanto a cobertura nos pontos de ônibus, a secretaria de Mobilidade Urbana disse que está realizando um levantamento da demanda de abrigos em toda a cidade. Tão logo este trabalho seja concluído, serão iniciados os trâmites para aquisição e instalação dos mesmos.