Célio Junger Vidaurre
No ano atípico em que o país se mostra apreensivo com o pleito eleitoral que se aproxima, há dois candidatos populares e vários outros querendo ser o representante da terceira via e, consequentemente, ser a grande novidade da disputa. O Brasil de 2022 não é o mesmo daquele país da República Velha de 1922, quando Arthur Bernardes derrotou o fluminense Nilo Peçanha e foram criados vários movimentos políticos, porém, na sua maior parte sem grande relevância e interesse da população. Como a criação do Partidão, operando dentro da ilegalidade em quase toda a sua existência, a criação da Coluna Prestes que virou pó na mão de Luiz Carlos Prestes, pois, nada de útil produziu a partir do tenentismo.
Como um ano também atípico de 100 anos atrás, 1922 teve marcas que permaneceram por longos anos na história política nacional e já no Rio, então Capital Federal e cultural do país, o Jornalista Assis Chateaubriand já fazia “das suas”, formou uma dupla duradoura com o deputado federal gaúcho que acabava de chegar. A dupla frequentava as casas noturnas da capital diariamente e como Getúlio vivia sendo solteiro, vez que, sua família permanecia no sul e já não havia vínculo matrimonial, o cara e Assis estavam livres para exercer a boemia. Deitaram e rolaram até Getúlio assumir o Ministério da Fazenda do governo de Washington Luís, eleito em 1926. Dali em diante ninguém segurou mais o futuro ditador (1930-1945).
Mas nem tudo de ruim ocorreu naquele Brasil de 1922. Um grupo de intelectuais e artistas promoveu a realização da Semana de Arte Moderna ocorrida em 13,15 e 17 de fevereiro em São Paulo. A ideia era que o país precisava “copiar” o modelo civilizatório europeu para que o Brasil tivesse condições de segurar seus problemas e “atrasos”. O evento chocou parte da população e trouxe à tona uma nova visão sobre processos artísticos, bem como a apresentação da sua arte “mais brasileira”. Houve participações de figuras lendárias da nossa cultura, entre elas, Oswald de Andrade, Mário de Andrade Anita Malfatti, Heitor Villa-Lobos e Di Cavalcanti. Foi o evento mais importante daquela época.
Hoje, a seis meses do próximo pleito, os principais candidatos apresentados vem com discursos cansativos, repetitivos e com as mesmas figuras mandatárias maiores nos governos Lulistas e que são, agora, do governo bolsonarista. O que vai mudar? Nada, absolutamente nada. Se essa turma do Centrão sempre esteve ao lado de Lula e, hoje, é do governo atual, vê-se que qual resultado da eleição será benéfico a ela. Ciro Nogueira na Casa Civil, Arthur Lira na presidência da Câmara Federal e Valdemar Costa Neto na presidência do partido do atual presidente, vão continuar mandando como sempre. Não esquecendo que Eduardo Cunha já está solto em Brasília e pode se juntar a esses três últimos. Então, quem acredita em mudança?
Nos efeitos políticos nas áreas palacianas, o atual vice-presidente Hamilton Mourão passou a não ser um homem de confiança do presidente e, assim, foi guindado para fora de uma nova candidatura ao lado de Bolsonaro, como vice. O presidente optou, desta feita, pelo General Braga Neto, atual Ministro da Defesa do governo. Quem diria, Mourão sempre coerente em seus pronunciamentos, passou a não mais interessar a Bolsonaro, mas, tem tudo a ver com o mandato de Senador da República de oito anos, ao passo que Bolsonaro pode ficar sem qualquer mandato. Coisas da política.
Conclui-se que tudo o que foi dito aqui termina nas mãos da turma do Centrão. Em qualquer circunstância o grupo se mobiliza por espaços do Estado na forma de recursos públicos para aplicação em áreas de influência. Tem acesso privilegiado a emendas, a verbas para apadrinhar o lance da grana. O Centrão de Ciro, Arthur e Valdemar tem cargos e tem a chave do Tesouro. O que será testado em outubro é quem, verdadeiramente terá a coragem de tomar a chave do cofre dessa gente. Mais nada.
Não é possível ganhar sem saber perder e não é possível acertar sem saber errar.