O editorial enfatiza a complexidade da situação, destacando que a acusação não considera o contexto de ataques sofridos por Israel por parte de um grupo terrorista
O Estadão publicou nesta sexta-feira (12) um editorial criticando a postura do presidente Lula da Silva em relação ao conflito em Gaza. O texto aborda a decisão do governo brasileiro de apoiar a denúncia de “genocídio” contra Israel, apresentada pela África do Sul à Corte Internacional de Justiça (CIJ) no fim de dezembro. A crítica centraliza-se na falta de prudência do presidente em uma questão internacional delicada.
O editorial enfatiza a complexidade da situação, destacando que a acusação não considera o contexto de ataques sofridos por Israel por parte de um grupo terrorista. O texto argumenta que as bases fáticas e jurídicas para uma acusação séria de genocídio são insuficientes. Ao mesmo tempo, reconhece que, apesar de Israel ter cometido ações questionáveis em Gaza, a acusação de “genocídio” é considerada exagerada.
A publicação também pondera sobre a gravidade de acusar Israel de “genocídio”, um país cuja formação está intrinsecamente ligada à história do Holocausto. A tipificação do crime de genocídio, segundo o editorial, deve ser utilizada com extrema cautela para evitar injustiças e a banalização do termo. Ressalta-se que a atitude de Lula da Silva carece dessa cautela, interpretada como uma tentativa de ganhar apoio político.
Finalmente, o texto critica a inconsistência na postura de Lula da Silva em relação a outras questões internacionais. Enquanto condena Israel, ele demonstra compreensão com ações da Rússia na Ucrânia e com a China em relação à minoria uigur. A conclusão é que a decisão de apoiar a acusação contra Israel não só mina a confiança no Brasil como possível mediador no conflito, mas também revela falta de uma diplomacia equilibrada e comprometida com princípios humanistas.