Moradores voltaram a cobrar essa semana melhorias na infraestrutura, limpeza e transporte público
Em meio a tantos problemas, os moradores do Jardim Carioca II procuram por uma solução. A lista de reclamações é tanta que eles já não sabem mais a quem recorrer. São anos esperando por melhorias que nunca chegaram. Entra ano, muda governo, e até agora a única certeza de quem mora ali é que a comunidade vive em completo estado de abandono.
Essa semana, o Bairros em Debate esteve visitando o local novamente, onde percorreu as ruas e conversou com a população mais uma vez. Transporte público insuficiente, falta de limpeza e alagamentos são apenas alguns dos problemas relatados pelos moradores, ressaltando que estão cansados de promessas e cobram do poder público solução para os problemas que fazem parte do cotidiano do bairro.
O Jardim Carioca II fica localizado às margens do Canal Macaé-Campos, a poucos minutos do Centro de Convenções e do Aeroporto de Macaé. A comunidade foi criada há mais de duas décadas e atualmente estima-se que vivam cerca de 800 famílias ali.
Falta de pavimentação e alagamentos
Se o acesso às ruas internas do bairro é ruim em dias de sol, quando chove, entrar e sair do bairro é praticamente uma missão impossível. Os moradores contam que basta chover poucos minutos para a situação ficar caótica.
“Essa época do ano a gente sofre muito. Quando chove alaga alguns trechos, outros ficam tomados pela lama. É um sacrifício transitar nas vias internas. Dependendo da situação não dá nem para sair para trabalhar, as crianças faltam aula. Um sacrifício”, diz uma moradora, que pede sigilo do nome.
Como as ruas não têm asfalto, diversos buracos vão se formando nas pistas de barro. Os moradores dizem que, de vez em quando, fazem o serviço de manutenção, tapando os desníveis por conta própria.
Mas além dos buracos, a poeira também causa transtornos, entre eles, problemas de saúde. “Minha filha tem bronquite. É um sofrimento. A gente perde as contas de quantas vezes precisa limpar a casa. A roupa fica suja no varal”, relata a moradora.
Como alternativa, enquanto o asfalto não chega, o pedido é para que seja feita a manutenção, como nivelamento das ruas e colocação de pó de brita. “Pelo menos ia amenizar. Aqui a gente não pode contar com o poder público. Se a gente não faz, eles muito menos”, ressalta.
Crianças e jovens ficam pelas ruas
Quando se trata de lazer no Jardim Carioca II, o direito parece ter ficado apenas na Constituição Brasileira de 1988. De acordo com o § 3º do Art. 217, cabe ao Poder Público incentivar o lazer, como forma de promoção social. Mesmo com a expansão do bairro nos últimos anos, a população não conta com uma praça ou um simples campo de futebol para as crianças e jovens.
De acordo com os moradores, a única opção das crianças e adolescentes é a rua. A nossa equipe encontrou algumas brincando entre os carros, podendo ser atropeladas.
Tendo em vista que a quantidade de crianças e jovens é grande no local, em junho os representantes da Associação de Moradores se uniram com os líderes comunitários do Jardim Franco para construir um campinho no bairro vizinho. “É a alternativa mais viável que conseguimos para atender a carência nas duas localidades”, contou Bahia, na última entrevista em junho.
Transporte ainda precisa melhorar
A maioria dos moradores utiliza o transporte público. Apesar de sempre ser incentivado o uso do ônibus, até mesmo como forma de melhorar a mobilidade e reduzir a emissão de gases poluentes, em Macaé isso acaba sendo cansativo.
Como a linha que atende o bairro é precária, muitos acabam procurando outras alternativas. “O ônibus não passa aqui dentro, só na principal. A gente evita ficar ali no ponto por causa dos assaltos. A maioria passa pela linha do trem e pega na Ajuda de Baixo”, diz Bahia, ressaltando que outra alternativa é andar até o Terminal Cehab, que fica a cerca de um quilômetro do loteamento.
No final de 2015, a prefeitura disse que o aumento na frota da linha A63 (Terminal Cehab x Vila Badejo – via Nupem/UFRJ) dependeria do crescimento da demanda do local. No entanto, alternativas seriam estudadas para melhoria constante no atendimento ao bairro.
Mosquitos geram reclamações
A proliferação de mosquitos no bairro é algo que não tem solução. Apesar de ter épocas que eles dão uma “trégua”, quando chega o período mais quente e úmido eles atormentam os moradores, que acabam apelando para o uso de inseticida e repelentes.
A espécie que tem se proliferado em Macaé é a Culex (Culex quinquefasciatus). Seu criadouro preferencial é composto de depósitos artificiais, principalmente locais onde existe água com matéria orgânica em decomposição e detritos, apresentando aspecto sujo e mau cheiro, sempre próximo às habitações humanas.
Além disso, os moradores reclamam de aumento de ratos e baratas. “Precisamos que a equipe do CCZ esteja mais presente aqui, ainda mais com essa época, quando o Aedes aegypti se reproduz com mais facilidade”, diz a moradora.
O que diz a prefeitura
Procurada, a prefeitura informou que as solicitações de manutenção das ruas e o serviço de capina foram encaminhadas para a Secretaria Adjunta de Serviços Públicos. Porém, ela ressalta que o trabalho de manutenção é continuo no município e foram intensificadas, principalmente neste período pós-chuvas fortes que atingiram Macaé. Ela orienta a população ou presidente da associação dos moradores a solicitar/reclamar na sede da secretaria (Barracão), localizado na Rua Marechal Rondon, 390, no bairro Miramar.
Dessa forma, o cidadão estará colaborando com o poder público na manutenção diária do município.
Já o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) informa que, na próxima semana, vai promover um mutirão na região. Para solicitações de visitas ou dúvidas, o cidadão pode entrar em contato com o CCZ, que fica na Rua Darcílio Possati, 134, Visconde de Araújo. Contatos também podem ser feitos pelo e-mail cczmacae@yahoo.com.br.
O pedido de cobertura nos pontos de ônibus foi encaminhado para Secretaria de Mobilidade Urbana para análise e adoção de providências.