“Vamos lá. Adoro essas questões polêmicas. Quer dizer então que o Marcelo Freixo propõe a extinção do foro e laudemio pago à família imperial, pra que essa receita seja incorporada à Prefeitura de Petrópolis com o fim específico de ajudar as famílias vitimadas pelas últimas chuvas?
Em primeiro lugar vamos por partes, como bem dizia Jack o Estripador.
Ao contrário do que muitos pensam, essa dinheirama toda recolhida pela Cia Imobiliária de Petrópolis não foi fruto da benesse de qualquer governo. Não foi um prêmio de consolação dado pela república depois que o nosso grande imperador Pedro II foi destuido e expulso pra morrer em Paris com um saco de terra brasileira no seu bolso como lembrança levada pro seu túmulo.
A enfiteuse nem é propriamente um imposto, pois sua origem é de cunho contratual e civil. Explicando com menos juridiquês, eu fulano, tenho uma terra e não pretendo vendê-la, mas preciso rentabiliza-la. Chamo sicrano e digo. Vc quer morar nessa terra sem pagar aluguel? Vc só precisa me pagar um valor simbólico por ela, o qual darei o nome de foro. Ah. E se você vender seu direito de usar, me paga um percentual dessa venda, que chamarei de laudemio. E de fato isso aconteceu. Em 1847, nosso imperador D. Pedro I, aquele que deu uma volta no seu pai glutão, comprou com recursos particulares da família imperial, uma grande área de terras denominada Fazenda Córrego Seco que correspondia em grande parte a Cidade de Petrópolis. Ele fez isso não para ficar mais rico. A sua ideia era colonizar a região, um tanto inóspita, incentivando a vinda de imigrantes alemães.
E assim o fez. Chamou um bando de Fritz e combinou com eles essa condição. E assim se fez a nossa linda cidade imperial. Portanto é um direito real, particular, não é um imposto e nem a república conseguiu derrubar. Não é do império. E da família real. A tal da cia imobiliária é administrada pelo ramo da família de Petrópolis. Os primos de Vassouras, alguns extremamente religiosos, prestaram solidariedade, prometeram orações e foram duramente criticados. Mas eles sequer veem a cor desse dinheiro.
Então Freixo. Só pra você entender. O que você quer é um confisco. É como derrubar um direito de propriedade. Um direito real que preserva o Brasil longe de suas ideias socialistas. E ainda que você conseguisse justificar isso, para o bem das famílias destruídas, colocar esse dinheiro na mão da prefeitura de Petrópolis, grande culpada por toda essa tragédia, só estaria tirando esse dinheiro da nossa velha aristocracia, para entregar na mão de ladrões, como muitos políticos que você venera.
No mais vai estudar história antes de passar vergonha como Zé do Caixão.”