Por Ricardo Galhardo e Vera Rosa, enviada especial
O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, adotou neste domingo, 7, um discurso de união nacional e disse que pretende ampliar a aliança em torno de seu nome para “além dos partidos” na segunda etapa da disputa contra Jair Bolsonaro (PSL). Haddad fará mudanças em seu programa de governo, para atrair apoios, e também em sua equipe. A nova linha da campanha traz o slogan “Juntos pelo Brasil do diálogo e do respeito” e diz que a esperança vencerá o ódio.
“Queremos unir os democratas do Brasil, os que têm atenção aos mais pobres. Queremos um projeto amplo para o Brasil, mas que busque justiça social”, declarou. Em seu discurso, agradeceu a família, o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Após ser confirmada sua passagem para o segundo turno, o petista recebeu telefonemas de Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Guilherme Boulos (PSOL). O petista agradeceu a família, ao PT e ao ex-presidente Lula logo no início do discurso. O Estado apurou que Ciro deu sinais de que se unirá a Haddad.
Antes do resultado, o petista já havia pregado a conciliação. “O momento agora exige que nós estendamos a mão para os brasileiros e brasileiras que, independentemente de partidos, queiram contribuir com a reconstrução democrática do País”, afirmou Haddad, após votar em uma escola de Moema, bairro de classe média na zona sul. “Vamos procurar personalidades, pessoas que tenham uma biografia de serviços prestados para ampliar e para governar com unidade, pela reconstrução democrática do País.”
Haddad disse esperar um segundo turno “mais civilizado” e fez acenos a Ciro, Marina Silva (Rede) e Henrique Meirelles (MDB), seus ex-companheiros de Esplanada no governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje preso da Lava Jato. “Eu tenho o maior respeito pelos que concorreram no primeiro turno, sobretudo aqueles com quem eu trabalhei. Trabalhei com Marina, com Ciro, com o Meirelles no governo Lula. Tenho o maior respeito e admiração pelo trabalho que eles realizaram”, afirmou
Moradores dos prédios vizinhos à escola fizeram um panelaço e gritaram o nome de Bolsonaro na chegada do candidato petista. Militantes do PT que foram ao local de votação com bandeiras e camisetas responderam com o grito de guerra: “Bate panela, pode bater; quem tira o povo da miséria é o PT”.
Acompanhado da mulher, Ana Estela, Haddad procurou minimizar o protesto. “Em dia de eleição é normal esse tipo de manifestação. Desde que seja pacífica, não tem problema nenhum”, disse ele.
Haddad bateu na tecla de que, no segundo turno, Bolsonaro terá de se expor. “Ele tem muita dificuldade de debater. Não tem equipe, não tem projeto. É um político profissional, tem 28 anos de estrada e pouco serviço ao País e vai poder se apresentar agora com um pouco mais de clareza”.
As mudanças no programa de governo têm o objetivo de conter polêmicas que estão sendo exploradas pela campanha de Bolsonaro. Em conversas reservadas, Haddad já disse, por exemplo, que não concorda com a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, antiga bandeira do PT incluída em sua plataforma.
O assunto só foi incluído no programa por insistência do partido e de Lula. Aos interlocutores mais próximos, no entanto, o candidato do PT afirmou que, na sua avaliação, convocar uma Constituinte, neste momento, seria o mesmo que entregar a preparação da nova Carta às bancadas da bala, dos ruralistas e dos evangélicos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.