Conversas reveladas pela Folha de S.Paulo expuseram um esquema no qual Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), estaria utilizando sua posição para direcionar investigações contra apoiadores de Jair Bolsonaro. As mensagens, trocadas entre membros do gabinete de Moraes e seu órgão de combate à desinformação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostram que os alvos das investigações eram escolhidos diretamente pelo ministro ou seus assessores.

Ajustes sob medida

As mensagens vazadas indicam que, em alguns casos, relatórios eram ajustados para atender às necessidades do gabinete de Moraes. Os diálogos mostram que o ministro pedia ajustes específicos nos documentos, quando estes não correspondiam às expectativas, para embasar ações como multas e bloqueios de contas e redes sociais de personalidades ligadas à direita.

Relatórios encomendados

Um dos diálogos mais reveladores ocorreu em dezembro de 2022, quando Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes, solicitou que Eduardo Tagliaferro, então chefe do combate à desinformação do TSE, “desmonetizasse” revistas de perfil conservador, como a Revista Oeste. Em outra ocasião, Tagliaferro foi orientado a usar sua “criatividade” para vincular o deputado Eduardo Bolsonaro a teorias conspiratórias.

CPI à vista?

A revelação dessas conversas gerou revolta entre apoiadores de Bolsonaro, que pedem o impeachment de Moraes e a abertura de uma CPI para investigar o caso. Apesar das acusações, o gabinete do ministro declarou que todos os procedimentos foram oficiais e devidamente documentados, negando qualquer irregularidade nas investigações conduzidas.

Moraes na berlinda

O conteúdo das mensagens sugere que Moraes desempenhava um papel ativo tanto na seleção dos alvos quanto na formulação dos relatórios, o que coloca o ministro no centro de um escândalo envolvendo abuso de poder e perseguição política.