Vale das Palmeiras, na área sul da cidade, sofre com carência de manutenção das ruas e saneamento
Por trás de condomínios de luxo, um loteamento passa despercebido aos olhos de muitos, inclusive do poder público. Apesar de estar situado em um ponto privilegiado, o Vale das Palmeiras vive os transtornos decorrentes da falta de infraestrutura.
Sem saber mais a quem recorrer, essa semana a equipe de reportagem de BAIRROS EM DEBATE visitou a região, onde conversou com os moradores e pôde comprovar de perto as reclamações feitas por quem vive na localidade.
Segundo o relato deles, falta de manutenção nas ruas, limpeza pública e saneamento estão entre as principais reivindicações. Na hora de cobrar, é sempre o jogo de empurra entre a prefeitura e o loteador. Enquanto o impasse não é resolvido, quem paga por isso no final é a população, que questiona para onde vai o dinheiro pago todos os anos em imposto.
“A sensação que temos é de que somos esquecidos pelo poder público. Falta muita presença dos órgãos aqui. Parece que nem fazemos parte de Macaé”, lamenta a moradora Leila Pinho, que é vice-presidente da Associação de Moradores e Amigos do Vale das Palmeiras.
Buracos causam transtornos
Um problema que afeta vários bairros e comunidades de Macaé, os buracos também andam testando a paciência dos moradores no Vale das Palmeiras. Isso porque em alguns trechos, os veículos precisam desviar de um e ainda correm o risco de cair em outro.
Um problema que afeta o loteamento por um todo, inclusive na Rua Vereador Ivan Nolasco de Abreu, é a entrada do bairro, por onde circulam os ônibus do transporte público. “O recapeamento é hoje uma das nossas principais reivindicações. O nosso asfalto é de péssima qualidade. O estado das nossas vias públicas é deprimente. Tudo esburacado”, relata Leila.
Ela ressalta que o problema já é antigo. “A gente nota, como morador, que os buracos pioram com as chuvas. O loteador e a prefeitura já fizeram o serviço de tapa-buraco aqui, mas passa um tempo e abre tudo de novo. O problema não é nunca resolvido de fato, só fazem o paliativo”, reclama ela enfatizando que a qualidade do material é questionável. “Eles não fazem o serviço da maneira adequada. Entra aí o nosso questionamento: Como a prefeitura aprova um loteamento com asfalto dessa qualidade e não atua na fiscalização para ver se o que está no projeto está de fato sendo executado? Queremos que os responsáveis venham e resolvam o nosso problema”, solicita.
Leila diz que os buracos, além dos danos aos veículos, acabam colocando em risco a segurança da população. “A gente é obrigado a desviar e muitas vezes estamos distraídos olhando para a pista que não vemos quem vem na direção oposta. Há um tempo ocorreu uma colisão entre dois carros, que bateram de frente. Isso é um perigo”, lamenta.
Rede não garante a coleta de esgoto
Uma das regiões contempladas com as obras de saneamento, o Vale das Palmeiras conta com a rede coletora, no entanto, até hoje a maioria das residências não foi ligada a ela. “A gente pede ajuda ao governo para resolver essa situação. Além da rede, temos seis Estações de Tratamento (ETE), que estão interligadas ao Mutum. O problema é que boa parte das casas não possui as Caixas de Inspeção, que são responsáveis por ligar os imóveis à rede. E isso ocorre em quase todo o bairro. Por isso não temos esgoto tratado até hoje”, relata Leila.
Enquanto o serviço não é feito, ela relata que os moradores pagam taxa de esgoto todo mês. “Recebemos na conta de água a cobrança pelo esgoto, só que a gente quer saber por que estamos pagando por algo que não temos? Estamos sendo lesados, injustiçados. Nós não queremos deixar de pagar, desde que a gente tenha coleta em nossas casas”, explica.
Buscando resolver a situação, a Associação de Moradores esteve reunida com a secretaria Adjunta de Saneamento, onde apresentou um relato sobre a real situação do loteamento ao secretário. “Ele me garantiu que essa C.I. é obrigação da BRK Ambiental de construir, e não o morador. Diante disso, ele me disse que o órgão iria fazer uma visita ao bairro para fiscalizar e fazer um levantamento de quantas residências estão ligadas à rede e, posteriormente, tomar as providências necessárias. Estou acompanhando o andamento disso e esperamos que seja resolvido”, enfatiza a vice-presidente.
Instalação de redutores de velocidade
Nem mesmo os buracos conseguem parar alguns condutores, que insistem em circular pelas ruas do loteamento em alta velocidade, colocando em risco a segurança dos demais, entre eles, os pedestres que dividem o espaço da pista com os veículos.
Diante desse risco, em 2015 a Associação de Moradores se reuniu com a secretaria de Mobilidade Urbana. Após o pedido, uma equipe foi até o local e fez um levantamento e, em seguida, um projeto.
Aprovado, no mesmo ano, caberia à secretaria de Serviços Públicos executar a instalação de 10 redutores em pontos estratégicos. No entanto, quase três anos depois, nada foi feito. “Os carros e até mesmo o ônibus passam em alta velocidade. É um perigo. A prova disso é que a própria prefeitura fez o projeto para os quebra-molas. A nossa pergunta é: por que isso não foi feito ainda? Queremos uma explicação dos órgãos”, questiona Leila.
Placas de sinalização
De 2017 para cá, vários bairros ganharam placas com a nomenclatura das ruas. Diante disso, os moradores no Vale das Palmeiras fazem o pedido ao poder público para que o loteamento seja contemplado.
“O que acontece aqui é que o bairro é praticamente novo, ou seja, muita gente ainda não conhece. Os visitantes, entregadores, todos eles ficam perdidos aqui dentro. Até mesmo os Correios não entregam as nossas correspondências e um dos motivos que eles alegam é que as ruas não são identificadas. Para pegar uma conta, fatura de cartão, precisamos ir até um centro de distribuição. Uma medida simples que poderia fazer toda a diferença. Por isso estamos fazendo esse apelo à prefeitura, para que nos contemplem com as placas”, pede a moradora.
Lazer é motivo de impasse
Situado na parte baixa do bairro, um espaço que deveria ser a área de lazer do Vale das Palmeiras segue num impasse. O local, que conta com uma piscina desativada (e sem receber limpeza), duas churrasqueiras, um campo de terra e um salão, segue sem previsão de um dia ser utilizado pelos moradores.
Leila explica que o clube está sob a responsabilidade do loteador. “Essa área pertence a ele, mas os moradores cobram muito, porque não temos uma praça aqui dentro. A Associação até pensou em tentar um acordo, e assumir o espaço, mas os custos com manutenção são muito altos. Já nos reunimos com os responsáveis, mas não evoluímos”, relata.
O que diz a BRK Ambiental
A BRK Ambiental informou que o bairro Vale das Palmeiras possui aproximadamente 22 km de rede coletora de esgoto com separação absoluta e encaminhamento correto para duas estações elevatórias (EE), que direcionam o efluente para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Mutum. Em nota, a concessionária esclareceu que a infraestrutura feita pelo Incorporador não conta com caixa de inspeção (CI) instalada na calçada. Entretanto, as instalações intradomiciliares dos imóveis estão conectadas diretamente à rede de esgoto, o que permite a BRK Ambiental tratar por mês aproximadamente 3,6 milhões de litros de esgoto dos moradores do Vale das Palmeiras.
O que diz a prefeitura
Com relação ao recapeamento, a secretaria de Infraestrutura esclareceu que o serviço é de responsabilidade do loteador. Já à solicitação dos moradores, a prefeitura diz que foi enviada para a referida secretaria e os pedidos serão analisados quanto a viabilidade técnica viária pelo setor responsável.
Quanto à sinalização das ruas, o contrato para implantação de placas de identificação de ruas encontra-se em fase de elaboração para ser licitado. O loteamento Vale das Palmeiras, situado no bairro Lagoa, está entre os bairros que serão contemplados com o serviço.
Já a limpeza, a secretaria de Infraestrutura informou que programará o envio de equipes para realizar as ações de limpeza, varrição e capina no bairro