Presos após os desdobramentos da Operação Lava Jato, o ex-deputado federal Eduardo Cunha (MDB), o ex-governador Sérgio Cabral (MDB) e o ex-presidente Lula (PT) são os principais atores desta reta final do processo eleitoral, que definirá os rumos dos governos do Estado do Rio de Janeiro e do país.
Personagens de uma parte triste da história recente da política nacional, eles configuram o grupo de apoiadores de candidatos que ainda almejam garantir respostas das urnas, na esperança de viradas que há tempos não ocorrem na democracia nacional.
Por representar os responsáveis que afundaram as contas públicas do Estado e da nação, com base em esquemas de enriquecimento ilícito, troca de favores e perpetuação de projetos de poder, eles deixam as páginas policiais dos jornais para assumir posições de destaque neste reta final da campanha.
E mesmo sem poder ir as ruas, emitir pronunciamentos ou fazer corpo a corpo, esses aliados do maior esquema de corrupção da história do país ainda possuem peso de definir, por mais quatro anos, os rumos político e administrativos que serão tomados neste domingo.
Embora os ex-aliados tentam desvincilhar as suas imagens daqueles que são rechaçados pela nação, os adversários fazem questão de lembrar do berço que originou campanhas maquiadas pela troca de partidos, ou discursos ensaiados, que não colocam mais para a maior parte dos eleitores.
Faltando três dias para o encerramento de um dos mais complexos processos eleitorais da história do país, há de se perceber o quão vazio o debate sobre propostas e planejamentos que visam tirar o Estado e a nação do atoleiro afunda ainda mais a esperança de renovação e de mudança.
No momento em que a democracia nacional tem como personagens ilustres ex-agentes públicos, que enganaram os eleitores e a nação, jogando contra o princípio da representação popular, há de se convir que toda mudança que a população exige nas ruas, nas manifestações e nas conversas entre parentes e amigos não ocorrerá, independe de quem for o eleito.
Por conta disso, é preciso muito mais que abraçar frases de efeito, pela moral e pelos bons costumes, e acompanhar de perto quais serão os passos dos próximos governador e presidente, justamente para que esses encarcerados não tenham, em breve, novos companheiros de cela.