A pesquisa levou em conta nível de escolaridade e inserção no mercado de trabalho
Quanto maior o grau de instrução das mães, menor é a quantidade de filhos. É o que aponta o estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado este ano com base em análises das informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) em um espaço temporal entre 1992 e 2014.
Os pesquisadores observaram que o aumento no nível de escolaridade da mulher – e sua consequente maior inserção no mercado de trabalho – gerou um adiamento dos casamentos, diminuição da taxa de fecundidade e aumento na idade média em que a mulher decide ter o seu primeiro filho. No período de tempo analisado na pesquisa, foi possível observar que a média de filhos caiu para mulheres com até seis anos de escolaridade, manteve-se estável até os oito anos de estudo e voltou a cair ao completar nove anos de estudo, quando a mulher ingressa no ensino médio.
Observa-se também que essa queda da fecundidade relacionada ao nível de escolaridade da mulher é atribuída à universalização da educação. Hoje, existem mais pessoas cursando uma graduação e, por isso, a população de mulheres com mais anos de estudo está aumentando e se tornando mais diversa. Em 22 anos, a média de anos de estudos das mães brasileiras cresceu em 44,7%. Enquanto as mulheres sem instrução têm, em média, quatro filhos, aquelas com mais de dez anos de estudo têm, em média, pouco menos de 2.
Um ano a mais de educação dos pais pode resultar em 1,3 anos a mais na educação dos filhos. Ao analisar a escolaridade dos filhos de 24 anos em relação à escolaridade das mães, o estudo concluiu que o jovem nessa idade tem sete vezes mais chance de ter o nível superior completo caso sua mãe tenha também o nível superior do que um jovem de mesma idade e com a mãe analfabeta.
Nubia Casaes, 50 anos, veio de uma família de seis irmãos. Sua mãe não concluiu os estudos. Parou de estudar para casar e cuidar da casa e dos filhos. A história de Nubia, foi bem diferente da sua mãe. Apesar de ter se casado cedo e ter o seu primeiro filho aos 19 anos, ela não deixou de investir nos estudo e concluiu em 2009 a sua graduação em Design de Interiores. “Estudei, mas foi com muita dificuldade. Eu e meus irmãos, sempre estudamos em escola pública”, contou.
Por conta da sua realidade, Nubia não seguiu o caminho da mãe na família extensa. Só teve dois filhos: Vanessa, de 28 anos e Vaner, de 30. E ela sempre fez questão de incentivar os estudos do seus filhos. “Sempre alertei eles sobre a importância de estudar. As portas se abrem para melhoria intelectual e financeira”.
A história de Nubia confirma a pesquisa do Ipea e também impactou a vida dos seus filhos. A filha caçula Vanessa Casaes completou todo o ensino médio e, hoje, é formada em Jornalismo. O mais velho, Vaner, apesar de não ter terminado o ensino superior, fez um curso técnico na área de fotografia e já atua na área. Os dois ainda não têm filhos. “As prioridades mudam e as necessidades também. Na época da minha mãe era normal não cursar uma faculdade. Atualmente, é uma obrigação”.
Hoje, as facilidades são também maiores para quem quer investir nos estudos. Programas de inclusão educacional, como o Educa Mais Brasil, oferecem bolsas de estudo de até 70%. A inscrição é gratuita e pode ser feita no site.