Esquema de fraudes que desviou até R$ 6,3 bilhões dos aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) contava até com uma estrutura de telemarketing para convencer os beneficiários de que os descontos indevidos eram legítimos. A operação foi desarticulada pela Polícia Federal na terça-feira (23).
Centenas de atendentes trabalhavam em centrais instaladas em Brasília, sob o comando das empresas Callvox e Truetrust. Essas operadoras atuavam como um Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) das entidades suspeitas, orientando funcionários a aplicar um roteiro-padrão para conter reclamações de vítimas que nunca haviam autorizado qualquer desconto.
Uma ex-funcionária dos call centers revelou, sob anonimato, que o script previa mentiras como: “O senhor pode ter aceitado por telefone, WhatsApp ou quando deu entrada na aposentadoria”. A primeira promessa era devolver o valor em até 10 dias — prazo que foi estendido para 30, enquanto os reembolsos se tornavam cada vez mais raros.
As investigações apontam que o call center Truetrust foi criado por Antonio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, e Domingos Sávio de Castro. Ambos são suspeitos de pagar propina a dirigentes do INSS. Entre as entidades envolvidas, destacam-se CBPA, Abrasprev e Abapen, que passaram a faturar milhões com os descontos irregulares após 2023