Nos idos de 2012, época em que o petróleo atingia uma das suas maiores projeções de investimentos, de produção e de compensações financeiras, Macaé foi pioneira em instituir um novo modelo de gestão do saneamento básico, que envolvia investimentos privados, com contrapartidas públicas, resolvendo assim uma dos maiores deficiências da cidade, motivada pelo crescimento desordenado.
Associada a Odebrecht, maior empresa brasileira com ramificações em diversos segmentos ligados a infraestrutura, o projeto surgiu como a salvação para uma cidade privilegiada por belezas naturais e recursos hídricos em abundância, riquezas comprometidas pela poluição voraz gerada pela precariedade nos sistemas de abastecimento e de tratamento de dejetos.
No meio de um processo de transição de governos, onde a gestão passada era o “bandido” de um enredo baseado na ascendente trajetória do “mocinho”, a permanência da PPP do Esgoto já ajudava a esclarecer passos importantes e primordiais para se entender o atual contexto político e de gestão pública da cidade mais rica do país.
Com a promessa de sanear a cidade em cinco anos, a Parceria quebrou ruas, gerou impactos no trânsito, atrapalhou a rotina de bairros, e gerou esperança para moradores de regiões onde as valas negras eram comuns no cotidiano de pessoas que dividiam as mesmas mazelas da cidade, independente da classe social.
Passada toda essa euforia, hoje a realidade do município é cruel e destoa de qualquer perspectiva gerada pela inovação de uma Parceria Pública Privada entre a prefeitura mais rica da região e a empresa que se afundou no maior escândalo de corrupção da história recente do país.
Ao atingir a projeção de 40% do esgoto tratado, hoje o sistema ainda não é capaz de atender toda a demanda do município. E a preocupação principal da concessionária é garantir, ao menos, a recomposição dos investimentos assumidos até a presente data.
Sem saneamento adequado, a sociedade não pode pagar o preço de um impasse político, com manchas na história traçada pela Operação Lava-Jato. Apesar das mudanças dos nomes, há quem acredite que os atores do esgoto são os mesmos que ditaram as regras da PPP, desde 2012.
Com contas salgadas chegando mensalmente em suas casas, o contribuinte ainda vive a mesma dura realidade: a do Canal Macaé/Campos degradado, a Lagoa de Imboassica imprópria para banho e o Rio Macaé bastante afetado.