A jornalista Eliane Cantanhêde, analista política da GloboNews, chamou de “esdrúxulo” o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não ter passado a presidência ao vice, Geraldo Alckmin (PSB), enquanto estava internado na UTI do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, para uma cirurgia no cérebro. Para Cantanhêde, a situação de um chefe de Estado sob anestesia geral e em um procedimento delicado não é compatível com a permanência no cargo.

“Não faz sentido um presidente da República em uma mesa de cirurgia com a cabeça sendo operada com anestesia geral [seguir na função]”, disse ela, criticando a postura do presidente, que, segundo a analista, deveria ter se afastado temporariamente. Ela refletiu também sobre o possível receio da primeira-dama, Janja, de que a transferência do cargo fosse vista como um indício de que o quadro de saúde de Lula fosse mais grave do que realmente é.

Cantanhêde lembrou que, ao contrário do que aconteceu no caso de Tancredo Neves, em que se tentou esconder a gravidade da doença, o Brasil atravessa um momento de estabilidade institucional. Ela afirmou que, no cenário atual, não há razão para que o presidente não repassasse o cargo a Alckmin, reforçando que a política precisa ser transparente para evitar especulações.

A situação gerou polêmica e trouxe à tona o debate sobre as normas constitucionais para casos de incapacidade temporária do presidente. Embora o governo tenha afirmado que Lula segue cumprindo suas funções, muitos questionam a decisão de não transferir a presidência, ainda mais em uma situação de saúde tão delicada.