Escondidos

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Emblemático, o processo eleitoral deste ano expõe a falência dos partidos políticos que, apesar de serem necessários ao jogo do poder, tornaram-se extremamente obsoletos, vide as propagandas que já são exibidas no rádio e na televisão.

Muito além das transformações esperadas pela sociedade, a Reforma Política discutida de forma superficial pelo Congresso Nacional há dois anos, reduziu de forma considerável a importância das legendas, retirando da história da política nacional fatores que, no passado, contribuíram de forma contundente para representar os anseios da população.

Escondidos de todos os materiais de campanha exibidos pelos candidatos nas ruas, os partidos perderam a essência da democracia, à medida que se tornaram meras peças do tabuleiro da corrupção, escalonando o volume de dinheiro que escorreu pelo ralo, após anos a fio de esquemas que provocaram a decadência da República Brasileira.

Antes emblemas da democracia, da sociedade, do trabalho e da transparência, hoje as legendas abandonaram até mesmo a concepção de que um projeto político começa mediante a união de interesses coletivos, focados em uma proposta de integração e de respeito às vontades do povo.

No Rio de Janeiro, a decadência dos partidos torna-se ainda mais evidente, à medida que ex-militantes e ex-representantes passam a ser desmascarados pelas investigações da Operação Lava Jato, que já levou para a cadeia ex-governadores, ex-deputados e ex-figurões dos governos do Estado e da União.

Se nestas eleições as legendas não ditam mais as referências e o grau de relevância das promessas transmitidas pelos candidatos, no próximo pleito, de âmbito municipal, até as coligações deixarão de ser um dos importantes passos para a construção de projetos de poder, algo que torna ainda mais desnecessária a ideologia partidária que, no passado, provocou revoluções, causou mobilizações e definiu embates que ajudaram a transformar a realidade do povo.

Enquanto a situação política ainda é o avesso do que se espera da democracia, o eleitor percebe essas diferenças que estão longe de transmitir a real transparência de que se espera daqueles que irão representar toda a nação, nos parlamentos estaduais, no Congresso ou na cadeia do poder máximo da política nacional: a presidência da República.