Enquanto coloca em operação o primeiro projeto no Norte, a Eneva avança para diversificar as operações no restante do país. A companhia anunciou a assinatura de um acordo de exclusividade com o Grupo Vale Azul Participações (GVA) para a formação da joint venture para desenvolver e operar o projeto do Terminal Portuário de Macaé (Tepor), no Rio de Janeiro.
O projeto integrado de gás natural inclui um terminal de granel líquido e um terminal de apoio marítimo, além de um terminal de gás natural liquefeito (GNL) com capacidade de 21 milhões de metros cúbicos por dia e um terminal para manuseio de operações de petróleo bruto. O empreendimento também prevê a construção de uma unidade de processamento de gás natural (UPGN), que não faz parte da transação. O GVA desenvolveu e obteve a licença ambiental prévia para o empreendimento de infraestrutura e logística.
O avanço do projeto vai marcar a entrada da Eneva no Sudeste. Até então, a companhia desenvolveu projetos de geração de energia elétrica integrada à produção de gás natural (“gas-to-wire”) no Norte e Nordeste.
O acordo assinado ontem garante à Eneva direitos para analisar e negociar de forma exclusiva a entrada no projeto até dezembro de 2022. Segundo a companhia, o Tepor tem grande potencial de acessar gás produzido no Brasil, já que está próximo ao Terminal de Cabiúnas e à chegada na costa do gasoduto Rota 2, empreendimento operado pela Petrobras responsável por levar o gás natural do pré-sal da Bacia de Santos para a costa.
“Adicionalmente, se concretizada, a transação dará a Eneva a opção de desenvolvimento de outros negócios no Tepor, como a distribuição de GNL em pequena escala, transbordo de óleo, líquidos e outras cargas”, afirmou a companhia em comunicado.
O anúncio do novo projeto ocorre no momento em que a Eneva inicia as operações no campo de Azulão, primeira área produtora de gás na Bacia do Amazonas. O ativo, comprado da Petrobras em 2018, faz parte do projeto integrado de produção de gás e geração de energia elétrica Azulão-Jaguatirica II e está localizado no município de Silves, interior amazonense.
A área está produzindo em fase de testes e já iniciou o envio de caminhões com o gás natural produzido no campo para iniciar o comissionamento da termelétrica de Jaquatirica II, de 117 megawatts (MW), em Roraima, a cerca de 1.100 quilômetros de distância.
“O maior desafio foi implantar uma forma de monetização pioneira no país. Somos os primeiros a implementar em larga escala esse formato que prevê produzir o gás, tratar, liquefazer, depois transportar em carretas e regaseificar. Desenvolvemos competências novas que irão permitir monetizar reservas no Norte”, disse o diretor de operações, Lino Cançado
Azulão foi descoberto na década de 90 e declarado comercial em 2004, mas nunca havia produzido. A Eneva instalou uma unidade de tratamento de gás (UTG) no local, que entrou em operação ontem, e será responsável pela liquefação, estocagem e envio das cargas de gás para Roraima.
Segundo Cançado, a expectativa é que a termelétrica Jaguatirica II entre em operação comercial ainda neste ano. O projeto venceu um leilão realizado em 2019 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para o fornecimento de energia a Roraima, que é um sistema isolado de energia suprido por usinas termelétricas. O Estado não está conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
O projeto tinha um prazo de dois anos para entrar em operação, mas atrasou devido à pandemia. O projeto Azulão-Jaguatirica II tem investimentos previstos em R$ 1,8 bilhão e gerou mais de 2 mil empregos no pico das obras.
Azulão tem reservas certificadas provadas da ordem de 6,3 bilhões de metros cúbicos, mas apenas 3,6 bilhões de metros cúbicos estarão dedicados a Jaguatirica II. Por isso, aponta Cançado, a Eneva estuda novos projetos na região. “Licenciamos uma termelétrica no Amazonas, com o objetivo de disputar novos leilões. A ideia é participar do leilão da Aneel no modelo de capacidade ao fim do ano”, disse.
Por Gabriela Ruddy