Maurício e Eliézer participam de concurso musical com mais nove finalistas
Na contramão do modismo, a dupla sertaneja Maurício e Eliézer, do Arraial do Sana, distrito de Macaé, vem provando que a música raiz é o que faz a diferença entre o público nesses tempos de sertanejo universitário. Rancho Fundo, Romaria e Saudade da Minha Terra estão no repertório que eles, selecionados para a final do primeiro Papo Fest, vão apresentar. A disputa acontece nesta quinta, dia 13, a partir das 19h, no Clube Cidade do Sol, no bairro Cavaleiros. Dez finalistas vão concorrer à premiação em dinheiro, além de conquistarem o reconhecimento na capital do petróleo e região.
“Nunca nos preocupamos com o que está em moda. Através da música, a gente passa o que gente vive e sente”, contou Eliézer.
A dupla Maurício e Eliézer se inscreveu a partir de um anúncio escutado numa rádio. A partir daí, 40 concorrentes passaram a se apresentar, durante quatro meses, sempre às quartas-feiras, acompanhados sempre pela mesma banda do Festival, de modo que todos tivessem oportunidade igual.
“Enfrentar a timidez, o nervosismo e o medo foi um grande desafio pra gente. Sobretudo porque, a cada etapa, o julgamento e a sentença saíam ali, na hora, ao vivo”, declarou Maurício.
O cantor sertanejo conta o quão gratificante foi poder apresentar o trabalho da dupla a outros músicos e ser avaliado por um júri técnico formado por quatro pessoas, entre elas um professor de canto. Afinação, dicção, presença de palco e ritmo foram os quesitos avaliados. “Ter o elogio de um outro músico é uma das coisas mais gratificantes que recebemos e que mostra que estamos no caminho certo”, avaliou Eliézer.
ORIGEM DA DUPLA – Maurício e Eliézer têm em comum as influências da música caipira e do sertanejo raiz, escutados durante toda a infância e adolescência vividas no Sana. Para acompanhar a sua primeira e segunda voz com violões, respectivamente, uma sanfona, mais uma guitarra e um baixo dão o profissionalismo à banda e resgatam a cultura do interior de todo o País. Autodidatas, aprenderam a tocar violão e bateria com revistinha de cifras, o que conferiu aos dois a responsabilidade de se revezarem na entoada dos instrumentos durante os cultos no pequeno vilarejo, onde iniciaram a carreira musical na igreja.
Depois dos 30 anos, Eliézer, que se formou como farmacêutico, e Maurício, que sempre viveu de música, observaram que a paixão e as afinidades musicais voltariam a uni-los. Eles chegaram à conclusão de que o que os sintonizavam era verdadeiramente a música caipira e sertaneja. Clássicos de Tonico e Tinoco; João Mineiro e Marciano; Chitãozinho e Xororó; Sérgio Reis; Iridi e Irineu; Almir Sater e até mesmo Fagner e Zé Ramalho estão sempre no repertório. “Não queríamos ser o mais do mesmo, seguindo o padrão do modismo comercial; queríamos fazer o que gostamos, até porque somos familiarizados com o estilo, o qual resgata a história das pessoas, da roça, do nosso ambiente, de nossa comunidade”, justificou Maurício, informando que a dupla já começou a compor o trabalho autoral que deverá ser lançado ainda no próximo semestre.