Por Silvana Rocha
O dólar recua ante o real em meio à queda generalizada da moeda americana no exterior, após o Partido Democrata ter conquistado os 218 assentos necessários para retomar o controle da Câmara dos Representantes em Washington. Os republicanos, por sua vez, seguem no comando do Senado do país. Os agentes de câmbio monitoram também nesta quarta-feira, 7, o recuo dos juros, ajudado pela inflação medida pelo IPCA e IGP-DI de outubro abaixo da mediana das projeções do mercado.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 0,45% em outubro, ante um aumento de 0,48% em setembro. Além de mostrar uma desaceleração, o resultado ficou abaixo da mediana (+0,55%) das previsões dos analistas do mercado, cujo intervalo das estimativas ia de alta entre 0,42% a 0,63%.
Também o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) subiu 0,26% em outubro, ante um aumento de 1,79% em setembro e inferior à mediana positiva, de 0,45%. Neste caso, o intervalo das projeções era de alta de 0,13% a 0,81%.
Os investidores locais mantêm ainda a agenda da transição de governo e as negociações em torno da reforma da Previdência no Congresso no radar. Eventual nova falta de sincronia no discurso sobre a reforma da Previdência dentro do governo eleito pode voltar a incomodar os investidores.
As expectativas se concentram no prazo de tramitação no Congresso e modelo que será proposto. O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) reúne-se nesta quarta com o presidente Michel Temer para tratar desse assunto, entre outros.
Também o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, iniciará os trabalhos com a equipe de transição na área econômica e esse tema vai concentrar as discussões. O problema é que, no Congresso, alguns parlamentares, como o próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já sinalizaram uma baixa chance para o avanço da votação dessa matéria agora.
Na terça-feira, dia 6, Guedes apelou aos parlamentares dizendo que eles precisam de uma “prensa” para votar logo. Eventuais novas declarações dissonantes de Bolsonaro e sua equipe de transição podem realimentar mal-estar nos mercados.
Lá fora, a leitura de alguns analistas financeiros é de que o desfecho da eleição americana poderá favorecer os mercados, dada a perspectiva de que as políticas de estímulo à economia e aos negócios devem avançar, mas os democratas tendem a barrar ações mais duras do presidente Donald Trump na relação comercial com a China pelos próximos dois anos. Há especulações ainda de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) poderia vir a ser menos agressivo no aperto monetário em curso.
Mais cedo, o petróleo ampliou ganhos, contribuindo para apoiar um dólar fraco. A commodity se fortaleceu após relatos da Bloomberg de que ministros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e de outras nações produtoras que não integram o grupo vão se reunir em Abu Dabi no fim de semana para discutir possíveis cortes na produção em 2019. Arábia Saudita e Rússia já iniciaram consultas sobre o assunto, segundo a agência de notícias russa Tass.
Às 9h32 desta quarta, o dólar à vista caía 0,93%, a R$ 3,7248. O dólar futuro de dezembro recuava 0,98%, a R$ 3,7315.