Por Altamiro Silva Junior
O dólar à vista fechou a segunda-feira, 8, no menor nível em dois meses, cotado em R$ 3,7635, com queda de 2,40%. O resultado do primeiro turno das eleições animou os investidores. A votação expressiva de Jair Bolsonaro e o fato de seu partido, o PSL, conseguir a segunda maior base na Câmara, o que aumenta a possibilidade de, se eleito, avançar com as reformas, ajudaram a fortalecer o real, de acordo com operadores. O real teve nesta segunda o melhor desempenho ante o dólar considerando uma cesta de moeda dos principais mercados emergentes.
Profissionais de câmbio ressaltam que a entrada de dólares no mercado brasileiro, com estrangeiros procurando ações com potencial de valorização na bolsa, e a continuidade do movimento de redução de posições no mercado futuro de câmbio explicam a forte queda da moeda. O dólar teve comportamento misto no exterior, subindo ante o euro e as moedas de alguns países emergentes, como o México e a África do Sul.
O JPMorgan aumentou a recomendação para o real e vê o rali no mercado de câmbio como justificado, considerando que a nova composição do Congresso tende a favorecer a governabilidade de um eventual governo de Bolsonaro. O banco e outros agentes, porém, recomendam cautela para as próximas semanas, pois os mercados vão aguardar as pesquisas de intenção de voto com ansiedade e ainda monitorar, após o segundo turno, o cenário para o avanço das reformas.
“A força de Bolsonaro aumenta a chance de reformas pró-mercados”, avalia o economista sênior da consultoria inglesa Pantheon Macroeconomics, Andrés Abadia. Ele ressalta que tanto a Câmara como o Senado ficaram mais de “centro-direita”. Isso, aliado aos recentes apoios conquistados por Bolsonaro, que incluem os evangélicos e a Frente Parlamentar da Agropecuária, ajuda a animar ainda mais os investidores, completa Abadia. Ele prevê que o dólar pode terminar o ano em R$ 3,55.
Na avaliação do diretor da Wagner Investimentos, José Faria Junior, modelos mostram que a moeda americana pode cair para a faixa de R$ 3,65 no curto prazo. Ele ressalta que nesta segunda a divisa chegou na casa dos R$ 3,75, patamar próximo ao que estava na época da forte intervenção do Banco Central via contratos de swaps e também quando Geraldo Alckmin fechou acordo com o Centrão. Para o executivo, o Congresso parece ser favorável a um eventual governo Bolsonaro. Com isso, aumenta a perspectiva de aprovação da reforma da Previdência, o que deve reduzir o risco país para abaixo de 200 pontos, como estava no primeiro semestre.