O debate entre Haddad e Gleisi reflete tensões internas no PT sobre a direção da política econômica do Brasil.
Durante a conferência eleitoral do PT neste sábado (9), a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, divergiram publicamente sobre a política fiscal do Brasil. Gleisi enfatizou a importância da flexibilização da meta fiscal, citando o déficit de quase 2% do PIB em 2023. Ela questionou a necessidade de um autolimite fiscal, defendendo políticas expansionistas. Em contraste, Haddad argumentou que não há uma ligação direta entre déficit e crescimento econômico, citando exemplos de períodos anteriores com superávit primário e crescimento econômico. Ele enfatizou a necessidade de qualidade no gasto público e uma abordagem equilibrada na política fiscal.
A polêmica teve como pano de fundo o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do 5º bimestre de 2023, que revisou a estimativa de déficit primário para R$ 177,4 bilhões, equivalente a 1,7% do PIB. Inicialmente, a previsão era de um déficit menor, indicando uma mudança significativa nas expectativas fiscais. Haddad destacou a complexidade da situação econômica atual e a necessidade de medidas equilibradas, sem buscar soluções rápidas ou simplistas.
O debate entre Haddad e Gleisi reflete tensões internas no PT sobre a direção da política econômica do Brasil. Enquanto Haddad defende uma abordagem mais cautelosa e focada na qualidade do gasto público, Gleisi argumenta a favor de uma política fiscal mais flexível, alinhada com as promessas de campanha do partido. Esse desacordo sublinha os desafios enfrentados pelo governo na formulação de políticas que equilibrem crescimento econômico e responsabilidade fiscal.