*Marcos Espínola
Após mais de três meses de pandemia as projeções no Brasil ainda não são nada animadoras. Para muitos o tal pico da contaminação ainda não chegou. Para outros nem terá, sendo mais adequado considerar o efeito montanha russa aqui no país, no qual teremos sequências de picos numa aceleração e desaceleração constante de novos casos. E são vários os fatores que nos levam a esse perfil peculiar, dentre eles a falta de disciplina de boa parte da população que acaba não respeitando o isolamento social, determinante para frear o contágio. Não utilizam máscaras, luvas, não evitam aglomerações, dentre outros atos não recomendáveis. Pequenos gestos que podem fazer a diferença contra um inimigo que ainda é desconhecido e traiçoeiro.
Recentemente, em algumas cidades, a Justiça decidiu pela obrigação do uso da máscara em espaços públicos sob pena de multa. Infelizmente, no Brasil, ainda é preciso de determinações judiciais para sensibilizar a população quanto a medidas preventivas à saúde, mas essa é a nossa realidade.
Não podemos negar que os flagrantes de desobediência têm sido constantes em todo o país. No Rio de Janeiro, durante a quarentena não foram poucos os casos de desrespeito, incluindo festas, aglomerações e a ausência de proteção. Agora, com a retomada das atividades, autorizadas pelo governo do estado e prefeitura, a situação ficou ainda mais explícita. Na praia é como a vida tivesse voltado ao normal, cheia e com pessoas próximas e sem máscaras.
Coincidência ou não, os casos de Covid vêm subindo e já são, somente no Rio, quase 100 mil, com quase 10 mil mortes. O descontrole só tende a piorar a propagação, comprometendo não só o sistema de saúde, que já convive com dificuldades de toda ordem, mas também os profissionais de serviços essenciais que não pararam, trabalhando pela sociedade de um modo geral. No Rio, quase 30 policiais vieram a óbito por Covid-19 e dois mil PMs estão afastados das Ruas. Em todo o Brasil esse número é maior e atinge também os médicos. Foram mais de 100 que morreram por conta da doença, além de mais de 150 enfermeiros.
Cada cidadão deve fazer a sua parte e quem pode deve continuar em casa. Quem precisa ir para a rua deve, necessariamente, seguir todas as determinações sanitárias e de saúde. Uma disciplina que pode contribuir para amenizar o contágio desse inimigo invisível.
* Advogado e Especialista em Segurança Pública