O rapaz, negro e sem família, estava isolado havia 39 dias sem receber nenhum item de higiene pessoal ou para limpeza da cela. Recebia apenas comida e água
Um diálogo foi estabelecido pela perita criminal Bárbara Suelen Coloniese durante sua inspeção a um presídio no interior do Rio Grande do Norte, quando decidiu interagir com um jovem mantido em isolamento. Ao introduzir sua cabeça na cela, ela conta que retrocedeu, impactada pelo forte odor que emanava de dentro.
O odor, de acordo com sua descrição, assemelhava-se ao de um animal falecido, revelando assim o resultado de um descaso por parte das autoridades. O jovem, de pele negra e sem vínculos familiares, encontrava-se confinado havia 39 dias, privado de artigos básicos de higiene pessoal e de limpeza para sua cela. Seu suprimento limitava-se a alimentos e água.
“Estar totalmente desgrenhado, com uma barba por fazer. Ele suplicou: ‘Por favor, você poderia me providenciar um pouco de pasta [de dentes] e um pedacinho de sabonete?’ Até mesmo relembrar isso me provoca arrepios”, compartilhou Bárbara Suelen, integrante do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, órgão composto por peritos cuja missão é prevenir tal forma de abuso.
O flagrante documentado pela equipe consta no relatório deste ano do referido órgão, concernente às condições carcerárias do Rio Grande do Norte. Outro exemplo semelhante, como apontado no mesmo relatório, surgiu na Penitenciária de Alcaçuz, também situada no mesmo estado, local marcado pelo massacre de 26 detentos em 2017. Conforme o documento, a direção da instituição determinou a proibição do uso de papel higiênico pelos detentos, com base em alegações de segurança.
Por portal Novo Norte