O relatório final, de autoria do deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), foi aprovado com 18 votos favoráveis e oito contrários
A CPI da Americanas, instalada em maio deste ano com o objetivo de investigar o rombo contábil bilionário na varejista e as inconsistências financeiras da empresa, chegou ao seu desfecho na última terça-feira (26/9). O relatório final, de autoria do deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), foi aprovado com 18 votos favoráveis e oito contrários. No entanto, surpreendentemente, a comissão não recomendou o indiciamento de nenhuma pessoa em relação à fraude de mais de R$ 20 bilhões que desencadeou a maior crise da história da Americanas.
Troca de acusações entre atual e antiga direção
Durante os quatro meses de trabalho da CPI, ex-diretores da companhia, advogados responsáveis pela recuperação judicial e autoridades envolvidas nas investigações foram ouvidos. Embora o relatório aprovado pelo comitê mencione a possibilidade de envolvimento de ex-diretores e ex-executivos no escândalo contábil, o deputado Carlos Chiodini ressaltou que os elementos coletados não são suficientes para atribuir autoria ou fundamentar um eventual indiciamento.
Americanas confia nas autoridades e aponta fraudes na diretoria anterior
A Americanas, em nota encaminhada à CPI e que integra o parecer final, demonstrou confiança nas autoridades envolvidas nas apurações e investigações. A empresa alega que as demonstrações financeiras da companhia foram fraudadas pela diretoria anterior, liderada pelo ex-CEO Miguel Gutierrez. Este último, em depoimentos à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à Polícia Federal (PF), afirmou que todas as decisões estratégicas dependiam do consentimento dos acionistas de referência da empresa – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Assim, o desfecho da CPI da Americanas deixa uma série de perguntas sem respostas e um cenário de incertezas em relação às responsabilidades pelo rombo contábil da varejista.