Por Caio Sartori
Impulsionado pela candidatura presidencial de Ciro Gomes, o PDT elegeu 28 deputados no último domingo, 7, e terá na próxima legislatura a maior bancada da sigla desde 1994. Na ocasião, capitaneado pelo ex-governador do Rio Leonel Brizola, o partido levou 34 candidatos das urnas à Casa. De lá para cá, o melhor desempenho havia sido em 2002 e 2010, quando 26 foram eleitos.
Em relação ao pleito de 2014, o PDT foi, junto com o DEM (antigo PFL), o único dos partidos tradicionais que aumentou a bancada. E o DEM é um ponto fora da curva, já que, apesar de ter aumentado em comparação com 2014, vai encolher a bancada que tem atualmente, conquistada em boa parte por meio de transferências partidárias. Os outros que tiveram protagonismo no período de redemocratização do País encolheram nestas eleições: PT, PSDB e PSB. Há quatro anos, quando compunha a aliança da petista Dilma Rousseff, a legenda de Ciro Gomes elegeu apenas 19 candidatos, o pior desempenho de sua história.
“A principal explicação é uma candidatura (presidencial) que afirma ideias e consolida a visão nacional do partido. Isso ajuda a formatar a organização partidária”, aponta o presidente da sigla, Carlos Lupi. Ele defende, para o segundo turno, um “apoio crítico” a Fernando Haddad, a fim de evitar a vitória de Jair Bolsonaro (PSL). “Respeitando as diferenças e discordâncias que temos com o PT.”
O principal êxito dos trabalhistas nestas eleições se deu no Ceará, berço político de Ciro. Foram seis deputados federais eleitos pelo Estado, onde somente André Figueiredo, atual líder da bancada pedetista na Câmara, havia se cacifado para o parlamento em 2014. Lá, o mais votado da sigla no domingo foi Mauro Benevides Filho, assessor econômico da campanha cirista, que ficou na sexta colocação geral no Estado. O PDT será, a partir do ano que vem, o partido com maior representação dentre os deputados federais cearenses.
A votação de Ciro na campanha presidencial, com mais de 12% dos votos válidos, também coloca o PDT num patamar que não havia experimentado desde 1989, quando Brizola ficou de fora do segundo turno por menos de 500 mil votos. Desde então, as candidaturas próprias do partido (do próprio Brizola em 1994 e de Cristovam Buarque em 2006) não passaram de 3%. Nas demais disputas, os pededistas compuseram a aliança do PT. É de olho nisso que Lupi defende que Ciro volte a concorrer à Presidência em 2022, apesar dele já ter avisado que não o faria.
Fundado em 1979 com liderança de Brizola e sob a égide da iminente abertura política, o PDT ansiou, nos primeiros anos de vida, buscar a hegemonia da centro-esquerda no País. O partido era, na verdade, uma nova versão do PTB de Getúlio Vargas e João Goulart – o direito de uso da sigla foi conquistado por uma sobrinha de Vargas com quem os futuros pedetistas não concordavam, por isso a mudança de nome.
No entanto, a derrota de Brizola para Lula no primeiro turno de 1989 marcou o começo do que viria a se tornar o protagonismo do PT dali em diante. Tanto que, em 1998, o ex-governador do Rio foi candidato a vice-presidente na chapa de Lula. O PDT voltou a ter candidatura própria em 2006, com Cristovam Buarque, que não passou dos 3%. Depois voltou à base petista e só arriscou uma nova chapa autônoma neste ano, com Ciro.