Consumir carboidratos de boa qualidade na meia-idade pode aumentar significativamente as chances de envelhecer com saúde. A conclusão é de um estudo publicado na sexta-feira (16) pelo JAMA Network Open, após análise de dados de mais de 47 mil mulheres acompanhadas por mais de três décadas.

A pesquisa faz parte do Nurses’ Health Study, um dos maiores estudos de saúde pública dos Estados Unidos. As participantes tinham menos de 60 anos em 1984 e foram monitoradas até 2016. Aquelas que ingeriram mais frutas, vegetais, grãos integrais, leguminosas e fibras apresentaram melhores indicadores de saúde ao envelhecer.

Os pesquisadores definiram envelhecimento saudável como atingir a velhice sem doenças graves, com memória preservada, boa mobilidade e saúde mental estável. Apenas 7,8% das participantes preencheram todos os critérios. Ainda assim, esse grupo teve em comum um padrão alimentar com maior proporção de carboidratos saudáveis.

Cada aumento de 10% na ingestão de carboidratos de alta qualidade esteve ligado a um aumento de até 31% na chance de envelhecimento saudável. Por outro lado, o consumo de carboidratos refinados, como pães brancos, massas e doces industrializados, foi associado a menor qualidade de vida na velhice.

Os autores alertaram que a preferência por alimentos ultraprocessados pode ter efeitos cumulativos e negativos na saúde a longo prazo. Termos como “pior função cognitiva” e “risco mais alto de doenças” foram associados a esse tipo de alimentação.

Além das fibras, o estudo também considerou o índice glicêmico (IG) e a carga glicêmica (CG) da dieta. Dietas com IG elevado e baixa ingestão de fibras mostraram resultados desfavoráveis. Já aquelas com maior proporção de fibras de frutas, vegetais e cereais foram ligadas à proteção contra declínio físico e mental.

A substituição de carboidratos ruins por bons também se mostrou benéfica. Trocar 5% da energia vinda de carboidratos refinados por equivalentes de alta qualidade gerou um aumento de até 16% na probabilidade de envelhecimento saudável.

Os autores destacam que a alimentação na meia-idade é um fator decisivo para o envelhecimento com qualidade. Embora o estudo tenha se concentrado em mulheres norte-americanas com alto nível de escolaridade, os resultados reforçam evidências globais sobre os impactos positivos da alimentação rica em fibras e vegetais.