Jornalista lembrou que Lula não chorou, se quer, quando José Dirceu teve de se demitir da Casa Civil

Na coluna desta quinta-feira (15) no jornal O Globo, o jornalista Merval Pereira abordou a reação emocional do presidente Lula à despedida de sua ministra do Turismo, Daniela Carneiro. Merval deu início à sua análise política mencionando que Lula se emocionou no encontro onde seria formalizado o desligamento da ministra, destacando a peculiaridade deste excesso de emoção do líder petista, sobretudo porque Lula e os envolvidos, Waguinho e Daniela, não compartilham passado ou ideais petistas.

O jornalista lembra que não houve tamanha emoção quando José Dirceu, então influente ministro, foi obrigado a se desligar da Casa Civil em meio à crise do mensalão. Nem mesmo quando vários deputados, esses sim, choraram ao deixar o PT em protesto contra a corrupção desenfreada.

Na opinião de Merval, as lágrimas de Lula parecem desproporcionais e sem motivo aparente, se comparadas às que foram derramadas durante a campanha presidencial, quando se casavam com a expressão de sua dor pela pobreza e desigualdade. O jornalista ressalta que chorar por situações tão pequenas – como a derrota de Waguinho em seu próprio território eleitoral, Belford Roxo, no Rio; ou por um ministério que não possui peso político e não é crucial em seu plano de governo – é um indicativo de que Lula está sentindo a pressão, apesar de toda a sua experiência.

Merval alerta ainda para a obsolescência da estratégia política de Lula que, outrora efetiva, hoje parece não fazer mais sentido, levando a uma atuação instável e desesperada de seu governo.

Contra os argumentos de que Lula tem um projeto de governo, lançando programas e projetos cotidianamente, o jornalista afirma que muitos destes são apenas reiterações do que foi feito há duas décadas atrás, ainda que importantes, mas outros são meras excentricidades, como o projeto de copiar o carro popular do Itamar.

Por portal Novo Norte