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diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, foi intimado pela Polícia Federal a depor na quinta-feira (17) no inquérito que investiga uma estrutura de espionagem ilegal dentro do próprio órgão. O depoimento deve esclarecer se a atual gestão teve conhecimento ou participação em ações de monitoramento clandestino contra autoridades brasileiras e estrangeiras.
Entre os focos da investigação está a possível obstrução das apurações por parte da cúpula da Abin, além de suspeitas de que Corrêa teria autorizado uma operação hacker para invadir sistemas do governo do Paraguai. Segundo depoimento de um servidor, a ação teve como alvo autoridades envolvidas nas negociações da usina binacional de Itaipu, com o objetivo de acessar informações sigilosas sobre valores e acordos energéticos.
O mesmo servidor relatou que a ofensiva cibernética seguiu ativa mesmo após a mudança de governo, com autorização expressa do atual diretor Luiz Fernando Corrêa e do então diretor interino, Saulo de Cunha Moura, que ocupava o cargo em maio de 2023. Os dados buscados influenciariam diretamente o preço pago pelo Brasil ao Paraguai pela energia de Itaipu.
Em nota, o governo Lula declarou que só teve conhecimento da operação em maio de 2023 e que mandou interrompê-la imediatamente. A convocação de Corrêa, homem de confiança do presidente, acirra os ânimos dentro do próprio governo, especialmente diante do papel central da Abin e da gravidade das denúncias.