Quando o balcão vira testemunha da história, cada brinde, cada conversa e cada prato conta a memória de uma cidade. É isso que o chef e realizador macaense Hugo Dias mostra em sua minissérie documental “Botecar Macaé – Histórias de Balcão”,  que em três episódios, celebra a memória, a gastronomia e a resistência cultural de Macaé, revelando como os botequins se tornam guardiões da história e pontos de encontro da vida cotidiana. A estreia será sexta-feira (7), às 19h, em seu canal no YouTube: @chefhugodias

Direção, apresentação e roteiro de Hugo Dias, direção de Produção de Laís Monteiro Captação edição e pesquisa de Rhuan Gonçalves o projeto que lançará quinzenalmente um episódio, nasceu da vontade de registrar histórias que muitas vezes se perdem com o tempo. “Sempre senti que havia um universo rico em cada bar de Macaé, histórias importantes que precisavam ser contadas antes que desaparecessem. Cada botequim é um centro cultural, um lugar de memória viva”, explica o chef. Hugo Dias, para ele, “botecar” é viver o boteco, estar ali, no cotidiano, observando e participando da cidade.

Este projeto é patrocinado pelo Governo Federal, Ministério da Cultura, por meio da Lei Paulo Gustavo através do edital 006/2023 da Prefeitura de Macaé.

Três bares, três histórias

O projeto percorre três bares históricos, escolhidos por Hugo não apenas pela tradição, mas pelo valor histórico e afetivo de cada um:

1º episódio – Tôa a Tôa (Imbetiba) –  Comandado por Paulo César, é um dos mais antigos bares em funcionamento na cidade, localizado na região onde Macaé começou a se desenvolver. Ali, cada canto guarda memórias de clientes que passaram por décadas, testemunhando a transformação da cidade.

2º episódio – Bar do Preto (Nova Holanda) – No comando de Preto Ribeiro, marcado pelo espírito comunitário e pela música alta, é um espaço onde histórias se entrelaçam, reforçando o sentido de pertencimento e convivialidade.

3º episódio – Bar do Wilson (Visconde de Araújo) – aos pés do Castelo, comandando por Wilson Guedes, o bar mantém a tradição da churrasqueira acesa. É um lugar de encontros afetivos, onde clientes antigos compartilham lembranças e novos frequentadores se encantam com a rotina do bairro.

O processo de pesquisa e seleção dos bares não foi simples. “Muitos bares têm histórias incríveis, mas não existe documentação sobre eles. Escolhemos começar pelos mais antigos para registrar essas histórias”, conta Hugo. Além disso, o chef destaca que cada conversa foi um aprendizado e uma experiência afetiva: “Fui muito bem recebido pelos donos e frequentadores. Cada papo foi digno de um bom balcão.”

Guardando a memória da cidade

Mais do que lugares de lazer, os botequins representam a história viva da cidade. “O botequim é um dos principais guardiões da história. Por ele passam políticos, operários, desempregados, doutores… nele a história se encontra de forma verdadeira e diária”, observa Hugo.

Cada bar reflete também a identidade do bairro: da formalidade e diversidade da Imbetiba, à descontração e música alta da Nova Holanda, até o clima de proximidade e bairro do Visconde de Araújo.

“Cada botequim que sobrevive é um ponto de resistência. Eles continuam fazendo o que têm que fazer, à sua maneira, sem se curvar a tendências”, diz Hugo, ressaltando a resistência cultural desses espaços diante de um mundo cada vez mais digital e padronizado.

Projeto de vida e registro afetivo

Para Hugo Dias, Botecar Macaé não é apenas um documentário, mas um projeto de vida. “São histórias que venero e que jamais podem se perder. Tão ou mais importantes que muitas histórias de museu ou livro por aí. Cada bar tem sua poesia, e estar ali registrando isso foi emocionante”, completa.

O primeiro episódio estreia no YouTube em 7 de novembro, marcando o início de um projeto que pretende ampliar o registro afetivo da cidade e manter vivas as histórias e memórias dos botequins de Macaé. O público é convidado a perceber que os bares são muito mais que lugares de diversão: são pontos de história viva, onde cada conversa, brinde e sabor compartilha a memória coletiva da cidade.

Sobre o chef Hugo Dias

Macaense, nascido no bairro Cajueiros, Hugo Dias é chef, empreendedor e criador de conteúdo gastronômico. Fundador da Santo Alho e chef-proprietário do Bar do Djalma, já trabalhou em restaurantes de alta gastronomia e participou de festivais como Universo Carukango e BBQ Beer Fest, no Rio de Janeiro. Recentemente, assinou a entrada do restaurante Estação da Praia no 14º Festival Gastronômico de Macaé, com o prato “Bocado do Djalma”, que se tornou sucesso de vendas.

Hugo também idealizou o projeto “Do Palácio para as Ruas: Gastronomia Real na Boca do Povo Macaense”, levando receitas inspiradas na culinária da realeza para pessoas em situação de rua, com patrocínio do edital Retomada Cultural 2 (Secec-RJ). Nas redes sociais, é conhecido como “pesquisador do submundo gastronômico”, com conteúdos irreverentes que somam mais de 500 mil visualizações.

No cenário de eventos, Hugo já ministrou aula-show no Festival de Frutos do Mar de Macaé, reforçando seu papel ativo na valorização da culinária local. Sua cozinha é marcada por memórias, raízes e afetividade, provando que é possível fazer comida saborosa, acolhedora e acessível com simplicidade.