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Cabral faz acusações e chora em 1ª entrevista após ser solto

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Ex-governador atacou autoridades da Lava Jato e disse que se decepcionou com Eduardo Paes

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral partiu para o ataque contra seus acusadores na primeira entrevista concedida após receber a liberdade. Ao jornalista Guilherme Amado, do site Metrópoles, o ex-chefe do Executivo se apresentou quase como um personagem injustiçado pelos “vilões” da Lava Jato.

Na entrevista, Cabral chorou, assumiu que recebeu recursos indevidos a título de caixa 2, mas também disparou ataques contra autoridades como o juiz Marcelo Bretas, os procuradores da República que o investigaram, policiais federais e até contra a imprensa.

Ao falar sobre corrupção, Cabral negou de forma veemente que tenha superfaturado contratos, mas assumiu que recebeu recursos indevidos a título de caixa 2 para a utilização em campanhas eleitorais. O ex-gestor também reconheceu que utilizou esses valores para benefício pessoal, como na compra de joias.

– Para benefício pessoal. Era benefício pessoal, era base de campanha, sobrava um dinheiro, eu usava para um benefício pessoal, mas não era no superfaturamento, era caixa 2 – declarou.

O ex-governador, no entanto, não se furtou de atacar autoridades que participaram dos processos nos quais ele foi condenado. Ao falar sobre o juiz Marcelo Bretas, que era responsável pelas ações da Lava Jato no Rio, Cabral disse que foi chantageado por um advogado que atuava em nome do magistrado.

– Olha, eu sou vítima desse processo. O advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho me chantageou em nome do Bretas. Fui obrigado a entregar um documento para ele de devolução de patrimônio meu e da Adriana (…). Tive de fazer uma carta para ela, porque nós não nos víamos, era 2018. Ele foi lá, em nome do Bretas – declarou.

Ao Metrópoles, no entanto, Nythalmar Dias Ferreira Filho disse que Cabral insiste em cometer erros.

– Tem gente que não aprende. Mesmo depois de ter a sua delação cancelada por mentiras e por acusações falsas contra o Tribunal de Justiça do Rio, contra o STJ e contra o STF, [Cabral] novamente insiste em cometer os mesmos erros – declarou o advogado.

Outro alvo de Cabral na entrevista foram os procuradores da Lava Jato. Ao falar sobre eles, o ex-gestor deu a entender que teria recebido um tratamento diferenciado de outros réus da operação. Segundo o ex-chefe do Executivo fluminense, os processos aos quais ele respondia foram fatiados para dificultar a defesa.

– O que a 7ª Vara e os procuradores fizeram comigo não foi feito com ninguém. Levanta os processos e você vai ver assim: “Fulano de tal tem um processo em que ele responde a situações de três, quatro companhias diferentes”. No meu caso não, eles fatiaram em 35 processos – alegou.

Durante a conversa, o ex-governador chorou ao falar de sua relação com o atual prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD). Ao tocar no assunto, Cabral disse que se decepcionou com Paes pelo fato de que os dois teriam uma amizade, mas que ela teria sido desprezada pelo atual prefeito da capital fluminense.

– Um querido, amigo. E ele também me considerava assim, me cercava de todos os carinhos. Meus 50 anos foram comemorados na casa do Eduardo (…). Ele não podia me tratar assim [fazendo referência ao fato de que Paes disse que ele era apenas “um personagem com o qual se relacionava, assim como outros”] – completou.

Por Portal Novo Norte

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