A estrutura inédita em uma rodovia federal no Brasil será instalada no km 218 entre Silva Jardim e Casimiro de Abreu
Na última terça-feira (19) foi um dia histórico para o Mico-Leão-Dourado e para outras espécies da Mata Atlântica do Rio de Janeiro. Foi realizada uma reunião na sede da Reserva Biológica de Poço das Antas para apresentação dos projetos executivos e definição do cronograma para implantação definitiva das passagens de fauna no trecho entre Silva Jardim e Casimiro de Abreu, condicionantes ambientais do licenciamento das obras duplicação da rodovia BR-101.
Participaram da reunião o Procurador da República Leandro Mitidieri, que coordenou o acordo judicial entre as partes, e representantes da Agencia Nacional de Transportes Terrestres-ANTT, da concessionária Autopista Fluminense, do IBAMA, do Instituto Chico Mendes ICMBio (Reserva Poço das Antas e APA Mico-Leão-Dourado/Rio São João) e da Associação Mico-Leão-Dourado.
A estrutura mais importante, e que vai retirar do isolamento geográfico a Reserva Biológica de Poço das Antas, berço do Mico-Leão-Dourado, será um viaduto vegetado no km 218. O projeto da empresa Arteris/Autopista Fluminense é belíssimo: uma estrutura sólida em concreto, coberta com até quatro metros de solo e árvores, que vai viabilizar a circulação de espécies que não encontram mais alternativas seguras para atravessar a estrada. De acordo com pesquisadores e especialistas, esta é a única forma de se garantir o equilíbrio ecológico da Reserva e também de retirar 450 micos do isolamento.
Foi realizado um plantio simbólico no pequeno corredor florestal que vai conectar a Reserva ao viaduto, atravessando uma fazenda de gado. A Associação Mico-Leão-Dourado fez um acordo com o proprietário que gentilmente cedeu a área para o corredor.
Este processo que iniciou há quatro anos chegou a uma solução negociada e com a participação de todos os envolvidos. Serão diversas passagens além do viaduto, que incluem túneis para fauna terrestre, adaptação dos vãos das pontes, e passarelas copa a copa das árvores. O cronograma aprovado definiu que todas as obras devem ser iniciadas até o final do mês de abril de 2018. “Trata-se de uma grande vitória para a biodiversidade. Esperamos que o resultado inspire outras iniciativas e apoie a definição de uma política de longo prazo para redução de impactos de rodovias sobre os animais”, disse Leandro Mitidieri.