Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, se manifestou nesta quarta-feira (27) sobre as menções a padres no relatório final da Polícia Federal (PF) que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado no país. Em uma postagem nas redes sociais, Bolsonaro criticou o fato de religiosos como os padres Genésio Lamounier Ramos e Paulo Ricardo terem sido citados por orações e conversas que, segundo a PF, estariam ligadas a uma trama golpista. O ex-presidente comparou a situação do Brasil com a da Nicarágua, regime liderado por Daniel Ortega, conhecido por perseguir opositores e religiosos.

O relatório da PF, que contou com mais de 800 páginas, foi divulgado após meses de investigação sobre uma possível tentativa de golpe envolvendo apoiadores de Bolsonaro e militares. Um dos trechos cita o padre Genésio Lamounier, que teria sido recebido por Bolsonaro no Palácio da Alvorada em dezembro de 2022, onde fez uma oração que, segundo a PF, poderia incitar um golpe de Estado. Já o padre Paulo Ricardo foi citado em um e-mail trocado por outro religioso, que buscava uma reunião com o então presidente para tratar de questões políticas, como a defesa da vida.

As menções aos padres e outras figuras religiosas geraram controvérsias. Para os aliados de Bolsonaro, as citações foram exageradas e sem fundamento, enquanto a oposição vê uma tentativa de desviar a atenção das acusações contra o ex-presidente. Bolsonaro, ao comparar o caso com a perseguição religiosa na Nicarágua, criticou o que chamou de uma “perseguição” aos que se opõem ao atual governo, especialmente os religiosos.

Com o relatório da PF agora sem sigilo, o documento foi enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se denuncia os indiciados à Corte. Caso as denúncias sejam aceitas, os acusados poderão ser julgados por envolvimento no suposto golpe de Estado. O caso continua a alimentar o debate político no Brasil, com o desdobramento das investigações aguardado com grande atenção.