Analistas alertam para o risco dos ataques houthis, que afetam a rota comercial do Mar Vermelho, interromperem o transporte de carga também no Estreito de Ormuz
Os preços do petróleo bruto no mercado global terão uma escalada, podendo chegar ao dobro da cotação atual, se as interrupções da navegação no Mar Vermelho, desencadeadas pelos ataques dos rebeldes houthis do Iêmen, também afetarem o Estreito de Ormuz, no Golfo Pérsico.
A avaliação é da especialista Daan Struyven, chefe de pesquisa de petróleo do Goldman Sachs, em entrevista à CNBC.
Os houthis desencadearam um bloqueio de fato ao transporte marítimo pelo Mar Vermelho e continuaram a atacar cargas após a escalada das hostilidades entre Israel e o Hamas em Gaza. Os militantes que controlam a maior parte do território do Iêmen, estabelecido como um governo de fato, têm como alvo embarcações que se acredita estarem ligadas ao governo de Israel.
Os ataques, segundo os houthis, só cessarão mediante a interrupção imediata dos ataques genocidas do governo de Israel aos palestinos. A economia israelense já sobre um baque com encarecimento de preços e escassez de produtos, um fator que agrava ainda mais a crise interna para o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
“Se você tiver uma interrupção do Estreito de Ormuz por um mês, os preços aumentariam em 20%”, disse Struyven, acrescentando que a interferência prolongada no estreito pode eventualmente dobrar os preços do petróleo.
Apesar de analisar o cenário como “altamente improvável”, Struyven corrobora com uma ampla gama de analistas de todo o setor de energia que criticam a situação nas últimas semanas.
Os crescentes ataques dos houthis forçaram empresas de navegação globais a desviar embarcações do Mar Vermelho ao redor do Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África. Para cargas que viajam da Ásia para a Europa ou América do Norte, esse curso adiciona cerca de 6.000 milhas náuticas à viagem e pode atrasar os prazos de entrega em até um mês, inevitavelmente fazendo elevar os custos do transporte marítimo.
Os ataques houthis continuam há semanas e ameaçam interromper significativamente o fluxo de mercadorias comerciais através do Mar Vermelho e do Canal de Suez, uma artéria importante para o comércio entre a Ásia e os países ocidentais. Os militantes lançaram mísseis pelo menos duas dezenas de vezes desde 19 de dezembro em resposta à guerra entre Israel e o Hamas.