A cada eleição programada que tem como objetivo eleger os pretensos candidatos a cargos eletivos, é iniciada uma discussão sem fim não só dos cientistas políticos, como os que detêm o poder, que muda de nome mas não muda nos métodos. Quem, dos mais antigos, não conhece a velha prática do toma lá dá cá, para a eleição de qualquer representante para as Câmaras Municipais, prefeituras, assembleias legislativas, Câmara dos Deputados,, Senado, e Presidente da República, salvo quando o país passou por uma ditadura ou regime de exceção, como o poder autoritário instalado em 1964, em que os militares comandaram o país.
Não foi fácil, permitir o voto da mulher que hoje domina cerca de 52% do eleitorado, mas não foi difícil tornar o voto obrigatório, incluindo todas as classes, inclusive os analfabetos que, como cidadãos e permitidos pela Constituição, passaram a pesar na balança para escolha dos mandatários. Quando durante o regime militar foi criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização, na década de 70, os colaboradores (professores) escolhidos nas comunidades, ensinavam os analfabetos a ler e escrever. Como prêmio, ao entrar no mundo dos letrados, atingiam dois objetivos: o registro da Carteira de Trabalho e também do título de eleitor, o que proporcionou uma profunda mudança nos métodos políticos e foi exatamente nas eleições de 1976, que o então Movimento Democrático Brasileiro – MDB, oposição a Aliança Renovadora Nacional, de apoio ao governo, conseguiu durante o regime autoritário, a eleição de 16 senadores, levando o jornalista Sebastião Nery a escrever a história do pleito que abalou o Brasil.
A partir daí, começaram as alterações no Código Eleitoral para adequar a cada eleição, propostas que não permitissem eleger representantes do MDB, de oposição. A legislação eleitoral começou a virar uma colcha de retalhos e os parlamentares buscavam a cada período, tornar mais difícil o caminho daqueles que não aliados ao governo, obtivessem sucesso nas urnas.
Vieram as campanhas das Diretas Já e outros movimentos que incendiaram o país, até que o então senador Tancredo Neves, enfrentando a forte Arena, e com José Sarney como vice na chapa, conseguisse através de eleição indireta, leva-lo à Presidência da República, sob a batuta do grande líder político Ulysses Guimarães, que como presidente da Câmara dos Deputados, promulgou a Constituição de 1988, retornando à era da redemocratização do país. A partir daí, muitos outros capítulos da história política que continua desafiando os eleitores que a cada eleição, se veem mais descrentes nos seus representantes, porque o alto custo das campanhas eleitorais levaram para o caminho fácil da corrupção generalizada, que somente nesta década, começou a ser combatida, e até hoje fazendo vítimas nomes importantes dos atores políticos.
Com a chegada do sistema digital, na era em que a internet muda completamente o mundo, chegaram as urnas eletrônicas e, mesmo na desconfiança, permite ao eleitor conhecer o resultado horas depois das eleições concluídas, mas continuou a gerar desconfianças. Para aperfeiçoar e garantir ainda mais a credibilidade, o Tribunal Superior Eleitoral inicia a era da biometria, cadastrando os eleitores com sua digital, difícil ou impossível de ser burlado o voto. O avanço na tecnologia, também preparou os sistemas a ponto de proporcionar uma fiscalização mais rígida, atualizando no site do TSE, as informações de cada candidato que, mesmo assim, encontra uma forma de burlar o método para garantir o poder.
Em plena era digital, quando a maioria dos eleitores possuem um telefone celular, tem acesso à internet, a contas bancárias, realiza pagamentos e permite fazer compras com pagamento imediato, em plena pandemia do coronavirus, se discute o que fazer para proteger mesários e eleitores. Porque não, o Tribunal Superior Eleitoral, junto com os parlamentares, encontrar a forma de tornar o voto digital e, ainda, facultativo, em vez de obrigatório? Seria o maior avanço do mundo, considerando que a internet hoje permite através de Fake News convencer o eleitor desavisado, este sim, utilizaria a mesma ferramenta para eleger com segurança seus candidatos. Pensar grande e no futuro, seria essa uma alternativa para acabar de uma vez com o alto custo das eleições com transporte de urnas, convocação de mesários, obrigação do eleitor comparecer à seção, e garantir lisura maior. Seria quase acertar na loteria.