A Petrobrás anunciou recentemente uma mudança na sua política de preços e, desde então, tem anunciado algumas reduções nos valores de alguns dos seus derivados. O mais recente reajuste aconteceu na semana passada, quando a petroleira diminuiu os preços da gasolina e do gás de cozinha. Contudo, para o vice-presidente da Associação de Engenheiros da Petrobrás (AEPET), Felipe Coutinho, o fim do Preço Paritário de Importação (PPI) é “uma farsa”. A entidade avalia que mesmo após seis meses do início do governo Lula, a Petrobrás continua praticando preços equivalentes ou superiores ao PPI. O fim da política de paridade de importação foi uma das bandeiras da campanha do petista nas eleições de 2022.
“Em 30 de junho de 2023, o preço do Diesel S10, vendido pela Petrobrás em Paulínia (SP), estava em 3.075,70 R$/m³ (o equivalente a 3,08 R$/litro). A estimativa do PPI, a partir dos preços do petróleo e da cotação do dólar no fechamento do mercado no mesmo dia, é de 2.976,65 R$/m³ do Diesel. O preço da Petrobrás em Paulínia (SP) está maior que o PPI”, afirmou Coutinho. A AEPET também fez um levantamento da diferença relativa do preço do diesel S10 em Paulínia e a estimativa para o PPI. Em junho, a AEPET afirma que o preço da Petrobrás ficou 3,2% acima do PPI, conforme mostra o gráfico ao lado.
“Observa-se que desde o anúncio do ‘fim do PPI’, em 16 de maio de 2023, o reajuste apenas reduziu o sobrepreço do Diesel S10 vendido pela Petrobrás na comparação com a estimativa do seu PPI. Em 3 de maio de 2023, o preço do diesel estava 14,3% superior ao PPI, no final de junho ainda estava 3,2% superior a ele”, avaliou Coutinho.
Para lembrar, a direção da Petrobrás anunciou a adoção da inédita política de Preços Paritários de Importação (PPI) em outubro de 2016. Essa metodologia ficou em vigor até 16 de maio deste ano, quando o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, anunciou aquilo que chamou de “nova estratégia comercial para definição de preços para o diesel e A gasolina”.
Nas contas da AEPET, a despeito do anúncio do fim do PPI, o preço relativo do Diesel, em 30 de junho de 2023 foi de 1,36 vezes o preço do petróleo Brent. Sendo que o médio, entre agosto de 2019 e abril de 2023, período de vigência declarada do PPI, foi de 1,39 vezes. Assim, a associação diz que o fim do PPI praticamente não alterou o preço do Diesel, em relação ao preço do petróleo no mercado internacional.
“Apesar do festejado anúncio do fim do PPI, que nossa Associação dos Engenheiros da Petrobrás recebeu com esperança e ressalvas, o sincrônico anúncio da redução do preço do Diesel apenas o ajustou ao próprio PPI. Depois de seis meses da Petrobrás sob Lula, a estatal continua praticando preços equivalentes ou superiores aos paritários de importação”, lamentou Coutinho.
Para a associação, a Petrobrás pode praticar preços inferiores aos paritários de importação (PPI) e obter excelentes resultados empresariais, com a recuperação da sua participação no mercado brasileiro e a maior utilização da sua capacidade instalada de refino.
“Somente a Petrobrás consegue suprir o mercado doméstico de derivados com preços abaixo do paritário de importação e, ainda assim, obter resultados compatíveis com a indústria internacional e sustentar elevados investimentos que contribuem para o desenvolvimento nacional”, opinou Coutinho. “A Petrobrás deve abastecer o mercado brasileiro aos menores custos possíveis e garantir sua sustentabilidade empresarial, ao assegurar que suas margens operacionais sejam compatíveis com a indústria internacional, com alta capacidade de investimento e resiliente à variação do preço do petróleo”, finalizou.
Por Petro Notícias