Os atuais índices de violência registrados por Macaé e por cidade onde a violência afeta diretamente a rotina da sociedade, demonstram de forma clara que a repressão representa a falência de todas as ações efetivas capazes de mudar, na essência, os fatores que geram a criminalidade.
Ao celebrar um convênio com a Polícia Federal, com base em permissão estabelecida por lei, aprovada no Congresso Nacional pela chamada “bancada da bala”, o governo municipal segue o caminho de uma tradição falida da segurança pública, e o que é pior, colocando na linha de fogo homens e mulheres que não possuem a escolha de se unir a outros agentes destinados à proteção dos cidadãos, mas que acabam sendo as vítimas da falência do atual sistema político nacional.
Com a proposta de armar a Guarda, o governo municipal assume um posicionamento bastante equivocado, dento das dimensões que envolvem o enfrentamento a criminalidade, que surgem exatamente diante da ausência do próprio poder público.
Ao invés de criar uma rede de atenção aos moradores de comunidades dominadas pelo tráfico, onde a criminalidade é o único cenário de alternativa de vida para diversos jovens e adolescentes que ainda vivem à margem do progresso do petróleo, o governo municipal se mete a instituir a primeira formação bélica dentro da categoria de servidores públicos, não preparados para estar na linha de frente de repressão às facções que migram do Rio de Janeiro, em busca de proteção no interior do Rio de Janeiro.
Como será que servidores públicos, aprovados em concursos realizados há uma década, dedicados a acompanhar a pacata rotina de unidades e repartições da administração municipal, serão preparados para empunhar revólveres ou pistolas, assumindo um protagonismo de enredo de filme de faroeste?
E mesmo a Guarda possuindo hoje um Grupamento de Apoio Operacional, que já é acostumado a encarar ações ostensivas nas ruas, não há qualquer tipo de expectativa positiva na proposta de entregar armas a cidadãos que não escolheram estar dentro de um sistema falido, corrupto e opressor, altamente letal, como se encontra hoje a segurança pública no Estado.
Mais que fantasias de super-heróis, a concessão de armas de fogo dentro de novas atribuições para os agentes da Guarda não é a melhor saída.
Se insistir neste erro, pelo menos, o governo deveria abrir um novo concurso público, já prevendo que os selecionados serão preparados como novos soldados para uma guerra civil que está longe de ter um final feliz.