Há nove meses, o Instituto Butantan aguarda autorização da Anvisa para iniciar os testes clínicos de uma vacina contra a variante H5N8. O pedido foi feito em agosto de 2024 e, até agora, o processo acumula exigências e atrasos.
A variante preocupa por sua alta letalidade, que chega a 50%. A vacina — fragmentada, inativada e adjuvada — é vista como estratégica para evitar uma emergência sanitária, mas a lentidão do governo federal tem travado o início dos estudos, que dependem da liberação da Anvisa.
A agência informou que já foram feitos dois pedidos de exigência. Um deles, segundo nota enviada na quinta-feira (31), ficou 56 dias parado. “A documentação encontra-se em análise avançada”, disse a Anvisa, tentando justificar os 228 dias de demora desde a submissão inicial.
A vacina será testada em mais de 700 voluntários de Pernambuco, São Paulo e Minas Gerais, em parceria com a Fiocruz. Os participantes serão divididos por faixa etária e acompanhados por sete meses com exames e visitas clínicas para medir segurança e eficácia.
Para o diretor do Butantan, Esper Kallás, o país precisa investir mais na rota tecnológica do desenvolvimento. Ao citar o risco de novos surtos, ele defendeu uma estrutura já pronta, afirmando que, com o aval da Anvisa, “a gente propõe a troca e agimos rápido”.
Mesmo com a intenção de produzir 30 milhões de doses, ainda não há registro ou pedido formalizado para o imunizante. Nos bastidores, cresce a crítica de que o governo Lula “demorou demais” para priorizar uma vacina com potencial de conter uma crise sanitária global.
Com informações da Folha.