Vereador Márcio Bittencourt (MDB) criticou ausência da BRK Ambiental no evento
Moradores de diversos bairros e comunidades marcaram presença na Câmara Municipal, com o objetivo de discutir os problemas com o abastecimento de água em Macaé. A audiência pública, solicitada pelo vereador Márcio Bittencourt (MDB), aconteceu na noite da última terça-feira (12) e foi marcada por críticas ao serviço fornecido pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). Apesar de ter sido convidada, a BRK Ambiental não enviou representantes.
De acordo com relatos apresentados, há locais que não recebem água há meses, mas com as contas chegando em dia. Por conta da Parceria Público-Privada (PPP) firmada pela prefeitura, a emissão das faturas fica sob a responsabilidade da BRK. Moradores afirmam que o abastecimento não chega em diversas ruas e, mesmo com reclamações oficializadas, houve aumento no valor das contas.
A audiência contou com 10 vereadores, além de representantes da prefeitura, líderes comunitários, e do deputado estadual Chico Machado (PSD), ex-parlamentar da Casa, representando a Alerj.
Para Márcio Bittencourt, a Cedae não acompanhou os avanços de Macaé. “A gente sabe que a nossa cidade passou por diversas mudanças nos últimos tempos. A população tem razão em reclamar e, lamentavelmente, a BRK não está aqui para dar os esclarecimentos. A Câmara vai seguir cobrando”, afirmou.
Cedae apresenta números e metas
Para o Diretor de Interior da Cedae, Carlos Braz, a Cedae reconhece os problemas e busca a melhoria do serviço. “Estamos há pouco tempo no governo, mas conseguimos identificar alguns pontos falhos, principalmente nas bombas que foram instaladas. Adquirimos novas para garantir que tudo seja sanado, além de modernizar o serviço que capta a água na estação de Severina”, declarou.
De acordo com a companhia, que atua em 51 cidades no estado, a atual capacidade de abastecimento em Macaé é de 750 litros por segundo. Braz ainda informou que a Cedae busca adquirir um empréstimo junto à Caixa Econômica Federal estimado em R$ 200 milhões, que serão aplicados integralmente na cidade. “Com esse financiamento, poderemos chegar a 1600 litros por segundo e, com as obras concluídas, teremos a capacidade de chegar a 2400.”
Segundo os dados financeiros mostrados na audiência, a Cedae emitiu faturas que totalizaram R$ 85 milhões, em 2018. Porém, houve evasão de 40%, gerando uma arrecadação abaixo do esperado, na ordem dos R$ 50 milhões.
Pelo cumprimento das promessas
Apesar das explicações dadas, Luiz Fernando (PTC) reforçou as críticas. “Há alguns anos, passaram a chamar de Nova Cedae. O nome mudou, mas os velhos problemas persistem. A demanda é muito maior do que o avanço da companhia”. O parlamentar também questionou o contrato firmando entre a BRK Ambiental e a prefeitura.
Júlio César de Barros (MDB), o Julinho do Aeroporto, pediu a solução para o problema. “Só falar, não vai resolver. Há anos, os moradores aguardam o desfecho”, disse Julinho.
Já Alan Mansur (PRB) pediu maior atenção para as comunidades do município. “O povo não aceita mais promessas. Quem é que pode comprar carros-pipa? Não dá para continuar mais assim”, enfatizou.
Cristiano de Almeida Silveira (PTC), o Cristiano Gelinho, Reginaldo Oliveira de Souza (Pros), o Reginaldo do Hospital, e Valdemir da Silva Souza (PHS), o Val Barbeiro, também relataram problemas com o abastecimento nos bairros.
Para Marvel Maillet (Rede), as falhas também passam pela gestão do serviço. “No Parque Aeroporto, algumas ruas estão sem abastecimento, outras são atendidas. Há casos de locais que ficam até mais de um mês sem água. Para mim, é falha administrativa”, completou.
Em contraponto, Luciano Diniz (MDB) defendeu a companhia e criticou a proposta de privatização que tramita na Alerj e é alvo de questionamentos na justiça. “Hoje, os moradores estão apresentando as reivindicações diretamente à nova direção e vale a pena dar um crédito. Privatizar é um grande erro. Quem comprar, vai querer lucro, mas a água é um serviço prioritário”, enfatizou.
Na justiça
No dia 12 de fevereiro, a prefeitura acionou a Cedae e a BRK Ambiental na justiça por conta das constantes reclamações. O Executivo busca a suspensão da cobrança das contas ou que a fatura seja encaminhada de forma proporcional, com tarifação apenas nos dias que o abastecimento tiver acontecido.
As explicações foram dadas pelo procurador adjunto do Procon, Carlos Fioretti. “Sabemos que há uma nova gestão, mas contamos com a sensibilidade dos responsáveis em busca de algo imediato”, acrescentou.
Márcio Bittencourt ainda reforçou que a tarifação precisa ser revista. “Antes, quando a fatura era feita pela Cedae, o valor era menor. Hoje, fazem uma cobrança por estimativa. Infelizmente, a BRK não está aqui para dar esclarecimentos”, lamentou.