Em entrevista ao jornal Gazeta do Povo nesta segunda-feira (8), o advogado Dr. Emerson Grigollette apontou diversas falhas no indiciamento do ex-presidente Bolsonaro pela Polícia Federal (PF) no caso das jóias. Ele destacou a inclusão de documentos em língua estrangeira sem tradução juramentada, violando o artigo 192 do Código de Processo Civil que exige que todos os atos processuais sejam em português.
O advogado questionou a capacidade da PF em respeitar as regras básicas do direito processual brasileiro. Grigollette afirmou que, além de não traduzirem corretamente os documentos, a PF utilizou apenas trechos de conversas em inglês, editados, induzindo a conclusões equivocadas. “É um show de horrores”, declarou ele, criticando a falta de integridade na apresentação das provas.
Além das falhas na tradução e edição de documentos, Grigollette também apontou inconsistências na conclusão do relatório da PF. Ele destacou que a própria Polícia reconheceu a autorização do Conselho de Ética da Presidência para a venda das jóias, o que contradiz a acusação de ilegalidade. “Até 2016, os presentes recebidos por presidentes eram levados embora sem problemas”, lembrou o advogado.
Grigollette concluiu a entrevista destacando a fragilidade das acusações de ocultação de bens, já que a venda foi feita através de sites de leilão, onde todas as informações dos vendedores são registradas. “A ocultação não faz sentido nessas condições”, argumentou ele, reafirmando que o relatório da PF é repleto de erros e irregularidades.