Era uma manhã ensolarada e suave na chácara, onde o ar fresco trazia o perfume das flores e o canto alegre dos pássaros. Eu, que gosto de escrever e, em uma fase sem criatividade, e em busca de inspiração, decidi me aventurar pela natureza, acompanhada pela minha fiel cadelinha, Luna. Ela era mais do que uma cão; era minha guardiã, sempre atenta e pronta para proteger. 

Assim que dei os primeiros passos sobre a grama verde, uma sensação de esperança começou a brotar dentro de mim. Era como se a natureza estivesse me convidando a redescobrir minha criatividade adormecida. Luna, sempre atenta, logo percebeu a mudança no meu espírito e, com seu olhar curioso, parecia perguntar: “O que você está sentindo?” Mas a tranquilidade foi interrompida. Um pequeno inseto pousou próximo a nós, e em um instante, a protetora Luna começou a latir, achando que o novo visitante era uma ameaça. “Luna, calma! É apenas uma esperança que pousou aqui para nos trazer coisas boas”, eu disse, tentando acalmá-la.

Ela, como se entendesse, parou de latir e continuou ao meu lado. Logo, uma borboleta de um amarelo vibrante flutuou pelo ar, dançando graciosamente em nosso caminho. Assim que ela pousou suavemente em meu ombro, Luna não pôde resistir e, mais uma vez, começou a latir e pular. “Não se preocupe, Luna! Essa borboleta é como uma flor que voa, não faz mal algum”, eu a tranquilizei. E assim ela fez, parando novamente, enquanto eu admirava a beleza da criatura ao meu lado.

Continuamos nossa caminhada, quando, de repente, Luna, com seu instinto aguçado, sentiu algo ameaçador. Sem hesitar, ela me ultrapassou e, em um movimento ágil e decidido, atacou uma jararaca que se escondia entre as folhas. Com um golpe rápido, ela a neutralizou, me salvando de uma picada mortal. O coração disparado, eu a abracei, sentindo uma onda de gratidão e amor. Luna não era apenas uma amiga; ela era minha protetora. Após o acontecido, enquanto a adrenalina ainda pulsava em minhas veias, uma nova ideia começou a brotar em minha mente. A coragem de Luna, sua lealdade e amor incondicional me inspiraram a escrever um conto. Um conto que falaria sobre a amizade profunda entre humanos e animais, com a Luna como a grande protagonista, mostrando como eles nos ensinam sobre amor, proteção e esperança.   

Enquanto caminhávamos de volta para casa, a luz do sol filtrava-se pelas folhas, criando um espetáculo de luz e sombra ao nosso redor. A cada passo, eu sentia que minha criatividade estava renascendo. A natureza, com sua beleza simples, havia me lembrado da importância de ver além do cotidiano, de abraçar a esperança e de celebrar a amizade. Ao chegarmos em casa, sentei-me à mesa com um caderno e uma caneta, pronto para transformar aquela experiência em palavras. Luna aninhou-se ao meu lado, como se soubesse que qualquer história que eu escrevesse seria uma homenagem a ela, a verdadeira heroína da minha vida.

E assim, sob a luz suave do entardecer, a história da nossa amizade começou a ganhar vida, entrelaçando amor, coragem e a beleza da natureza. A cadelinha que se achava minha segurança se tornaria a estrela de um conto que, com certeza, inspiraria outros a perceberem a mágica que reside nas pequenas coisas e na lealdade dos seres que nos amam incondicionalmente. E assim, a esperança e a criatividade finalmente floresceram novamente, graças a uma caminhada pela chácara e à amizade inestimável de Luna.

Guto Sardinha