Em uma cidade litorânea chamada Macaé, um grupo de amigos que se reunia todos os anos para viver o melhor Carnaval do estado. A cidade, naquela época, ainda não tinha universidades, então, quando precisavam estudar, eles se aventuravam na capital. Mas quando chegava o Carnaval, ninguém segurava a saudade da terrinha. Tudo começava na sexta-feira, com uma concentração no famoso bar do Ivo. Era ali que a festa começava, entre risadas e histórias engraçadas, regadas a vodka com Fanta. A alegria era contagiante, com cada um contando uma mentira maior do que a outra. O campeão da mentira era um tal de Borboleta, cuja imaginação era tão fértil que só perdia para Malatesta, o grande campeão. Todos riam e se divertiam, sem se importar com o absurdo das histórias.
No sábado cedo, o grupo partia para a praia dos cavaleiros, onde faziam o “esquenta” para o grande desfile do Bloco do Boi Veado. A concentração era na lateral do tênis clube, em frente à casa de Gilson. As fantasias eram um verdadeiro espetáculo, cada uma mais engraçada do que a outra. Gilson e Ting se transformavam em um casal de puta e cafetão, enquanto Farah sempre se vestia de colombina. Alfredinho se transformava em uma piranha destemida, Mala se achava a própria Xuxa e dançava no ritmo de “ila ri”, e Guto, a piranha mais feia que se achava linda, esnobava a todos. Havia também Frederico, a dona do puteiro, cheia de colares e adereços, e muitos outros personagens engraçados rebolando até o chão. Quando o bloco finalmente partia para a avenida, alguns ficavam pelo caminho, vítimas da cachaça. Mas aqueles que tinham tomado um vidro de reativam aguentavam até o final, exibindo seus rebolados pela Rui Barbosa. Era uma verdadeira graça!
Hoje, todos já passaram dos sessenta anos, casados e com filhos. Reúnem-se para contar suas histórias de uma Macaé romântica, voltando ao passado. Ouvindo uma simples marchinha de Carnaval, a vontade de entrar no samba é inegável, mas a realidade da violência atual traz a tristeza de não poder reviver esses momentos com a mesma intensidade. Apesar disso, esses amigos carregam consigo as lembranças de um tempo em que a alegria era o lema, em que a cidade se transformava em um palco de diversão sem igual. Eles podem não poder mais entrar no samba, mas suas histórias e memórias permanecem vivas, trazendo sorrisos nostálgicos aos seus rostos.Que saudade da Macaé antiga, onde um grupo de amigos poderia viver momentos de pura descontração e felicidade. Mesmo com as mudanças e desafios da vida, as lembranças daqueles Carnavais inesquecíveis permanecem como tesouros preciosos, trazendo calor ao coração e a certeza de que a amizade e a alegria resistem ao tempo.
E assim, esses amigos seguem contando suas histórias, relembrando os tempos áureos e mantendo viva a magia do Carnaval de Macaé. Pois, afinal, a verdadeira essência do Carnaval está nas memórias compartilhadas, na alegria que transcende qualquer época e na união de uma amizade que resistiu ao tempo.
Por Guto Sardinha