Niterói era a Capital do antigo Estádio do Rio

JORNALISTAS QUE LUTARAM NOS TEMPOS DIFÍCIES
Célio Junger Vidaurre
No tempo em que Niterói era a Capital do antigo Estádio do Rio, antes e depois do
golpe de 1964, tínhamos uma característica jornalística muita representativa. Eram profissionais
que marcavam o seu tempo e que a cidade os ovacionavam como seus representantes. Eram
tantos jornais que faziam parte da mídia e tinha ainda os cariocas que para aqui vinham com suas
sucursais. Havia o jornal diário em rádio (Grande Jornal Fluminense) sob a direção de João
Baptista da Costa, que acabou chegando ao cargo de Vice-Governador do Estado. Fazia tanto
sucesso que os militares resolveram cassá-lo para tirá-lo de cena.
Naquele tempo, jornalista como Dalton Feliciano Pinto e Sylvio Resende (Diário
Fluminense) eram estrelas de primeira ordem, como também Alberto Torres (O Fluminense).
Muitos outros também poderiam figurar numa lista que torna-se necessário umas duas ou três
edições desta coluna. A verdade é que todos sabiam que não podiam bobear. Aparecido Baioneta,
por exemplo, ex- Última Hora, era um daqueles observadores que chamavam à atenção de todos.
Abel Rodrigues, na direção de sua sucursal, era aquele equilíbrio de sempre. Com Jourdan Amora
criou o “Clube da Imprensa” e colaborou com o mesmo Jourdan na criação do “Museu da
Imprensa”. Carlos Ruas e o cronista social Sindulpho Santiago fizeram suas marcas por décadas
e o nosso eterno Ruas está aí até hoje rememorando aquelas lutas.
Mas, já nessa época existia expectativas alvissareiras com os nomes que já se
apresentavam com bravura na classe, Jourdan Amora, Rogério Coelho Neto e, logo depois, Eraldo
Quintanilha e as inteligências prodigiosas de João Luiz Faria Neto e Ricardo Boechat. Oriovaldo
Rangel sempre ao lado de todos e correndo os mesmos riscos. Rogério Coelho Neto foi o
Secretário do Trabalho do Governo Teotônio Araújo e Continentino Porto era seu subsecretário.
Aliás, Continentino Porto foi Secretário particular e, assessor de Imprensa do Deputado Federal e
Senador Vasconcelos Torres entre 1959/1962.
O destaque de Rogério Coelho Neto em sua coluna no Jornal do Brasil, por longos
anos, foi tão marcante que sua personalidade e simplicidade deixou na sua identificação
jornalística a figura jamais esquecida da cidade, pois, continha tanta humildade e despreendimento
de fazer todos reconhecerem aquele talento vindo de uma origem simples e sem qualquer
mudança dentro de seu tempo de sucesso. Sabia de sua grandeza e se mantinha como apareceu.
A figura alegre e descontraída do jornalista Augusto Donadel teve participação
ativa na cidade dentro daquele tempo em que conseguiu se manter vivo no jornalismo.
Infelizmente, Donadel perdeu sua vida, aleatoriamente, covardemente, e, Niterói, foi brutalmente
atingida pelo ato inesperado. Ficou na memória da cidade e tornou-se nome de Rua importante.
Finalmente, alguns acharão que trata-se de repetição e, até de exagero em
elogios, mas, desse tempo de chumbo para cá a cidade conviveu com tantos jornalistas
importantes e tantos talentos, todavia, da estirpe, da persistência e da resistência de Jourdan
Amora jamais se viu coisa igual. São sessenta anos mantendo de pé um jornal diário – A Tribuna,
que ficou como o único para contar as histórias da cidade. Todos os outros sucumbiram.
FALTOU APOIO LOGÍSTICO DOS EMPRESÁRIOS DA CIDADE.