O rombo fiscal do Brasil se tornou motivo de um desentendimento alarmante entre o Banco Central (BC) e o Ministério da Fazenda. Uma diferença de quase R$ 40 bilhões nos números divulgados pelos dois órgãos tem gerado preocupação sobre a transparência na gestão das contas públicas. Essa disparidade, que historicamente era pequena, atingiu um novo patamar, gerando dúvidas sobre a credibilidade dos cálculos fiscais.De acordo com o Banco Central, o déficit acumulado até julho de 2023 foi de R$ 39,7 bilhões a mais do que o informado pelo Ministério da Fazenda. Quando corrigida pela inflação, essa diferença sobe para R$ 41,1 bilhões, a maior já registrada, segundo o economista Fernando Montero.Parte do problema está na forma como as receitas extraordinárias são tratadas. O Tesouro incluiu R$ 26 bilhões em cotas do PIS/Pasep como receita primária, algo que o BC decidiu não contabilizar, ampliando a divergência. Além disso, uma quantia de R$ 8,6 bilhões esquecida por correntistas também foi incorporada pelo Tesouro, mas ignorada pelo Banco Central.A situação é ainda mais complicada devido a ajustes metodológicos e compensações aos Estados pela redução do ICMS, que somam cerca de R$ 8 bilhões. Essa crescente discrepância entre os dois órgãos levanta questionamentos sobre o impacto na meta fiscal e no controle da dívida pública.Com informação do Hora brasilia.