Xadrez político

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Por mais que haja uma ânsia da sociedade sobre a renovação das estratégias de defesa da democracia, através da transformação das regras que definem o processo eleitoral no Brasil, em Macaé, a discussão política ainda está baseada em um cronograma tradicional, arcaico e provinciano, que repete histórias antigas da briga pela sucessão do poder da prefeitura.

Após aceitar, por seis anos, a imposição dos desmandos do governo, colocando à prova a independência das atribuições dos poderes Executivo e Legislativo, parte da formação atual do plenário do Executivo se comporta de forma bélica, anunciando assim a formação de uma frente, não parlamentar, mas sim de batalha, rumo ao quarto andar da sede administrativa do governo.

Apesar de ser bastante plausível ao enredo político local, a formação de uma coalizão parlamentar, com vistas à batalha pela sucessão do governo da mudança, passa a dar ao plenário da Câmara uma conotação de enfrentamento, algo que já demonstrou não ser positivo para a sociedade local.

Desde o início da gestão da mudança, qualquer iniciativa de oposição aos desmandos do médico que virou prefeito, acabou sendo pulverizada a partir da aplicação do poder nos moldes ditatorial, marcando assim um momento importante da história da cidade, superando os indicadores da recessão do mercado do petróleo.

Ao formar uma mobilização política composta por nove vereadores, todos com indicações diretas dentro do quadro do alto escalão da gestão municipal, a Câmara passa a reassumir um poder que sempre é utilizado pelo bem pessoal, de acordo com o interesse de cada um parlamentar que se apresenta, de quatro em quatro anos, como a salvação para o futuro da cidade.

Mediante todas as pendências ainda marcantes no cotidiano do município, essa batalha antecipada pelo poder coloca sempre, em segundo plano, o interesse da sociedade que, no final das contas, vai definir qual modelo administrativo irá substituir a gestão da mudança, que prometeu muito, arrecadou bastante e cumpriu pouco.

E, apesar de acreditar que essa coalizão nada de braçada em um ambiente político favorável, há de se considerar que, mesmo em contagem regressiva, o governo ainda possui o poder de definir o futuro da cidade. E certamente isso será bem utilizado para proteger os interesses de quem está à frente da cidade por seis anos.