O levantamento mostra que ao menos 178 dos 772 municípios da região, o equivalente a 23%, registram a presença dessas facções
Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, intitulado “Cartografia da Violência na Amazônia”, mapeia a intensificação das disputas territoriais na Amazônia Legal, envolvendo facções do Brasil e de países vizinhos. O levantamento mostra que ao menos 178 dos 772 municípios da região, o equivalente a 23%, registram a presença dessas facções. A pesquisa destaca a atuação de, pelo menos, dez grupos estrangeiros oriundos da Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia.
A análise aponta que, no Acre, grupos bolivianos disputam espaço com o PCC, enquanto no Amazonas, dissidentes das Farc da Colômbia rivalizam com o Comando Vermelho (CV). No Maranhão, o grupo peruano Comando de Las Fronteras marca presença. Já em Roraima, especialmente em Boa Vista, o PCC, CV e facções venezuelanas, como o Trem de Aragua, estão em confronto pelo controle territorial. A pesquisa ressalta que Roraima, tradicionalmente conhecido por sua baixa letalidade e ocorrências criminais, presenciou um aumento da violência nos últimos cinco anos devido a esses conflitos.
Conforme o estudo, esses confrontos na fronteira amazônica são primordiais para as facções, pois controlar essas áreas significa dominar os fluxos e as relações de poder. Além das zonas de fronteira, conflitos também ocorrem em municípios do interior, sendo estratégicos para o tráfico e consumo de drogas. As informações compiladas no estudo refletem um quadro preocupante de incremento da violência e disputa por poder em uma região crucial para o Brasil e seus países vizinhos.