Itens são o retrato de um sistema de saúde colapsado no país vizinho
Uma infinidade de lixo hospitalar que inclui seringas, agulhas, cateteres e tubos para colher amostras, alguns com vestígios de sangue, virou brinquedo para crianças em um praia na Venezuela. Os itens, que deveriam seguir protocolos rígidos de descarte, estão espalhados por uma extensa faixa de areia na Praia de Paparo, povoado que fica a cerca de 130 quilômetros de Caracas.
De acordo com uma reportagem da agência AFP, a praia em questão é onde desemboca o Rio Tuy, que por sua vez recebe as águas poluídas do Guaire, um corpo hídrico que atravessa a capital da Venezuela. Os resíduos hospitalares, comuns no local, chegam ao mar em garrafas de água mineral, segundo Héctor Manuel Blanco, que caminha pela Praia de Paparo em busca de pedaços de bambu para vender.
De acordo com Héctor, dentro dos recipientes há “pequenas mangueiras, agulhas, seringas” e as crianças quebram os potes e tiram esses itens para brincar. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as agulhas são consideradas “a categoria mais perigosa de resíduo hospitalar, devido ao risco de ferimentos com potencial elevado de infecção”.
O lixo hospitalar na praia é um retrato do colapsado sistema de saúde pública da Venezuela, cujos incineradores que deveriam ser utilizados para a eliminação dos resíduos hospitalares não funcionam. Outro fator problemático é a falta de políticas para a classificação e o manuseio de resíduos. Em 2022, foi encontrado lixo hospitalar dentro de uma garrafa plástica até no paradisíaco Parque Nacional Morrocoy.
O poluído Guaire, principal caminho para escoamento das águas residuais de Caracas, está sujo há muitos anos e chegou inclusive a ser alvo de promessas do ex-ditador venezuelano Hugo Chávez, que prometeu despoluí-lo em 2005. No entanto, a limpeza anunciada pelo antecessor de Nicolás Maduro nunca foi concretizada.
Poe portal Novo Norte