Fala do presidente repercutiu muito mal na comunidade internacional
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a afirmar que a responsabilidade pela invasão russa na Ucrânia é tanto de Moscou quanto de Kiev. Fala repercute muito mal na comunidade internacional.
– A decisão da guerra foi tomada por dois países – disse em entrevista coletiva antes de deixar Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, no fim de sua viagem à Ásia.
Em janeiro, durante visita do chanceler alemão Olaf Scholz ao Brasil, Lula chegou a dizer que a Rússia estava errada em invadir o país vizinho, mas também sinalizou para culpa na própria Ucrânia.
– Continuo achando que quando um não quer, dois não brigam – afirmou.
Em maio de 2022, ele também declarou que o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski seria “tão culpado quanto o (Vladimir) Putin”, presidente russo, pelo conflito.
O início da guerra, no entanto, se deu quando bombas russas foram lançadas contra alvos militares em Kiev, Kharkiv e outras cidades no centro e no leste da Ucrânia, nas primeiras horas de 24 de fevereiro de 2022. O presidente Vladimir Putin havia autorizado uma operação militar na região, segundo o ministério da Defesa da Rússia.
Durante a entrevista nos Emirados Árabes, Lula também falou sobre seus planos de construir um “um grupo de países que não tem nenhum envolvimento com a guerra” e que estivessem dispostos a conversar com Rússia e Ucrânia, pelo fim do conflito.
– Quando houve a crise econômica de 2008, rapidamente criamos o G20 para tentar salvar a economia. Agora é importante criar outro G20 pra acabar com a guerra e estabelecer a paz – disse.
Repetindo o tom de declarações dadas na China, o presidente voltou a dizer que os Estados Unidos e a União Europeia acabam incentivando a permanência do conflito com suas ações.
– O presidente Putin não toma iniciativa de parar, o Zelenski não toma iniciativa de parar, e Europa e Estados Unidos terminam dando uma contribuição para a continuidade dessa guerra – afirmou.
G7
Questionado se estaria fazendo movimentos para ter um bloco econômico separado do G7, sem o uso do dólar como moeda comum, Lula disse que não tem essa pretensão e afirmou que “o G7 não precisa do Brasil para existir”. Afirmou, ainda, que “o G20 é uma coisa ainda mais importante”, porque reúne mais países, com maior representatividade para discutir os problemas atuais.
Defendeu também a presença de mais países no Conselho de Segurança da ONU, incluindo América Latina, África, países Árabes e a Alemanha, em prol do que chamou de “uma governança global mais forte”.
BRENNAND
Lula afirmou que não discutiu com o presidente dos Emirados Árabes, Mohammed bin Zayed Al Nahyan, o assunto da extradição do empresário brasileiro Thiago Brennand, acusado de agressão e estupro e disse não saber sobre como será o processo.
– Quando vai acontecer é questão da Justiça – afirmou.
Ele acrescentou, contudo, que o empresário “tem que pagar”.
– Se no mundo existir 1 milhão de cidadãos como esse, todos merecem ser punidos, porque não é humanamente aceitável que um brutamonte desses seja um agressor de mulheres – acrescentou o presidente brasileiro.
EMIRADOS ÁRABES
Depois de responder às perguntas da imprensa, Lula embarcou para voltar ao Brasil, encerrando sua viagem oficial à Ásia que começou na manhã da última terça-feira (11) com sua ida à China. O presidente deve parar primeiro em Lisboa, onde faz uma parada técnica de quase duas horas, e depois embarca para Brasília e deve chegar por volta das 21h.
O presidente Lula desembarcou em Abu Dhabi no sábado, 15. Em seu único compromisso do dia, Lula se reuniu com o presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Zayed Al Nahyan, no Palácio Presidencial, e membros da comitiva brasileira assinaram memorandos de entendimento (um documento que formaliza acordos e alinhamento de expectativas) com autoridades do país. Na reunião, Lula destacou a “rica” parceria entre os países e falou em cooperação no comércio, esportes e inteligência artificial.
Por portal Novo Norte