Presidente demonstrou insatisfação com decisão de Alexandre de Moraes
Em campanha à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) evitou fazer críticas públicas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no que diz respeito à ordem de busca e apreensão contra oito empresários que supostamente defendiam um golpe de Estado no Brasil em caso de vitória de Lula (PT) nas eleições.
No entanto, durante almoço com empresários promovido pelo Grupo Esfera nesta terça-feira (23), em São Paulo, o chefe do Executivo contestou a decisão do magistrado. Bolsonaro disse que os empresários que estavam no encontro eram “pessoas esclarecidas” e questionou se eles achavam “proporcional” e “razoável”, pelo que estava escrito nas conversas de WhatsApp, “uma pessoa ter seu sigilo bancário quebrado e suas redes sociais bloqueadas”.
– Vocês acham que é proporcional bloquear a conta bancária dessas pessoas [empresários que defendem golpe]? Tem justificativa uma medida desse tamanho? Já imaginaram se eu caçasse todos o que me xingam em grupos de WhatsApp? Afinal, quem é a favor da liberdade? Eu? Ou os outros? – teria repudiado o presidente, sem citar diretamente o nome de Alexandre de Moraes.
A fala de Bolsonaro aconteceu durante encontro realizado na casa do empresário João Camargo, fundador do Esfera, no Bairro do Morumbi, na Zona Sul de São Paulo. A notícia é do jornal O Globo, que teria obtido a informação por meio de um dos interlocutores que prestigiaram o evento.
Ainda segundo a reportagem, Bolsonaro teria ressaltado que, “em grupos de WhatsApp da esquerda, também haveria mensagens com teor absurdo contra ele e seu governo”. Ele, por sua vez, relatou que “não via como razoável instauração de inquérito ou a prisão de ninguém”.
O presidente disse ainda, sempre segundo relatos, que a ação de hoje é a prova de que ele não tem interferência alguma na Polícia Federal. Ela seria, nas palavras dele, um órgão de estado, e não de governo.
Além do organizador João Carlos Camargo, na sala estavam os empresários André Esteves, do BTG, Fernando Marques, da União Química, Carlos Sanchez, da farmacêutica EMS, Flávio Rocha, da Riachuelo, o advogado Nelson Wilians, da banca Nelson Wilians associados, Benjamin Steinbruch, da CSN, e Candido Koren, da Hapvida.
Participaram do encontro na casa de Camargo os ministros Paulo Guedes (Economia), Ciro Nogueira (Casa Civil), Fábio Faria (Comunicações), Joaquim Leite (Meio Ambiente), além de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente, e Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato bolsonarista ao governo de São Paulo.
ENTENDA A OPERAÇÃO
A ação da PF foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e tem como alvo grandes empresários que teriam defendido, em conversas do grupo de WhatsApp Empresários & Política, um golpe de estado em caso de derrota de Bolsonaro nas eleições.
Tiveram a quebra de sigilo bancário decretado os empresários Luciano Hang, dono da rede varejista Havan; José Isaac Peres, controlador da administradora de shoppings Multiplan; José Koury, do Barra World Shopping; Meyer Nigri, fundador da Tecnisa; Afrânio Barreira Filho, sócio da rede de restaurantes Coco Bambu; Ivan Wrobel, sócio da W3 Engenharia; Luiz André Tissot, da empresa de móveis de luxo Sierra; e Marco Aurélio Raymundo, dono da rede de roupas esportivas Mormaii.
Por Portal Novo Norte