Para especialista, taxa de juros atraente restringe o consumo, diminui a produção e aumenta o desemprego
Em setembro, o Banco Central (BC) subiu a taxa básica de juros da economia (Selic) em um ponto percentual, de 5,25% para 6,25% ao ano, o maior patamar desde julho de 2019. Mas ela pode aumentar ainda mais. Pesquisa feita pelo BC, com mais de cem instituições financeiras e analistas do mercado, projeta que a Selic deve fechar 2021 a 8,25%.
O advogado, mestre em direito e economista, Alessandro Azzoni, lembra que a Selic é a referência do mercado para a taxa mínima de juros e que, somada ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), vai impactar negativamente toda a cadeia de consumo. “Essa taxa será aplicada no empréstimo, no capital de giro ou numa conta garantida, e como o custo do dinheiro é custo de produção, ele é repassado para os produtos gerando um impacto negativo para a indústria, comércio e consumidor”. Azzoni lembra ainda que o consumidor que tem dívidas terá o saldo devedor corrigido na proporção do aumento da taxa Selic ou na taxa dos juros contratados.
Para o advogado, aumentar a taxa de juros no momento em que a economia precisa ser aquecida é um contrassenso. “A política de aumentar a taxa de juros para conter a inflação funciona quando as pessoas estão com dinheiro na mão e buscam o consumo. Se a taxa de juros aumenta e se torna atraente, esse dinheiro sai do mercado, restringe o consumo e diminui a produção, gerando desemprego”.
Azzoni vê com muita preocupação o avanço da Selic. Para ele, isso projeta uma inflação maior e, com isso, a diminuição do poder de compra, do valor do dinheiro e preços mais altos, aumentando ainda mais o desemprego. “Fico muito receoso. O desemprego ultrapassou 15,1% em setembro e isso é realmente muito preocupante. Precisamos de investimentos na indústria e no comércio para que haja reflexo positivo na geração de empregos. Aí sim o crescimento da economia será sustentável”, conclui.
Fonte: Alessandro Azzoni, advogado e economista, especialista em direito ambiental, com atuação nas áreas do Civil, Trabalhista e Tributário. É mestre em Direito da Universidade Nove de Julho, especializado em Direito Ambiental Empresarial pela Faculdade Metropolitanas Unidas (FMU). Graduado em direito pela FMU. Bacharel em Ciências Econômicas pela FMU. Professor de Direito na Universidade Nove de Julho (Uninove). É Conselheiro Deliberativo da ACSP – Associação Comercial de São Paulo; Coordenador do NESA -Núcleo de Estudos Socioambientais – ACSP – Associação Comercial de São Paulo; Conselheiro membro do conselho de Política Urbana – ACSP – Associação Comercial de São Paulo; Membro da Comissão de Direito Ambiental OAB/SP